segunda-feira, 24 de novembro de 2025

Política à Mesa: O Jogo de xadrez do caso Claudelino entre a Câmara, o Inquérito e a Justiça

                O caso envolvendo o vereador Claudelino Costa voltou a temperar, e muito, os bastidores da política arcoverdense. Depois de meses de falatórios, suspeitas, vídeos que circulavam em grupos de WhatsApp e um zum-zum-zum insistente nos corredores da Casa James Pacheco, o inquérito policial finalmente foi concluído. No relatório entregue pela Polícia Civil no último dia 18 de novembro, o vereador foi indiciado por peculato-desvio, tendo como base um conjunto de provas que inclui vídeos, transferências bancárias e documentos que apontariam para negociações ilegais envolvendo cargos comissionados.

E Claudelino não está só nessa mesa. O empresário Micael Lopes também aparece como investigado no mesmo inquérito, sob o mesmo tipo penal: peculato. A lógica da investigação é simples — ainda que explosiva. Para a polícia, um seria beneficiado pela vantagem; o outro, o político, teria sido o agente que ofereceu o suposto esquema. Dois lados da mesma moeda.

Pois bem. Inquérito concluído, e o jogo político começa de fato. A defesa do empresário já fez seu lance: pediu que a Câmara retome — ou não — o processo que pode resultar na cassação do vereador. Pode a Câmara fazer isso? Claro que pode. Mas aí entra a pergunta crucial: deve fazer agora?

A resposta exige calma, porque os bastidores estão quentes, mas o Direito costuma andar em outra temperatura. E aqui entra a parte que muita gente ignora — ou prefere ignorar. O inquérito policial é só o primeiro passo. Só isso. Nada mais.

Depois da delegacia, o processo segue para o Ministério Público, que vai analisar se as provas apresentadas são suficientes para oferecer denúncia contra o vereador e o empresário. E se o MP não estiver convencido? Pode pedir mais diligências, buscar novas provas, aprofundar investigações. Ou seja: o inquérito não é sentença, não é condenação, não é nem mesmo acusação formal.

E se o MP denunciar, estamos no fim da linha? Também não.

A denúncia indo adiante, chega à Justiça. Aí sim começam os ritos, as defesas, as audiências, a fase probatória robusta. É nesse ponto que se julga a responsabilidade penal dos envolvidos — e é aqui que o jogo realmente vale ponto. E o resultado pode ser qualquer um: condenação, absolvição ou até arquivamento.

E nessa história toda, onde entra a Câmara de Vereadores?

A Casa James Pacheco pode, sim, atender o pleito da defesa, instaurar o processo de cassação e, ao final, cassar ou não o parlamentar. Mas aqui está o grande ponto do xadrez institucional: se a Câmara resolver jogar antes do Judiciário, corre um risco gigantesco.

Imagine a cena: a Câmara cassa. Meses depois, a Justiça absolve. Resultado? Tudo desmorona. A cassação cai. O vereador volta. E a Câmara vira assunto — ruim — de rádio, blog e mesa de bar por semanas.

Por outro lado, se a Câmara decidir absolver agora, mas lá na frente a Justiça condenar e determinar a perda do mandato… cai tudo por terra também. A Câmara teria passado pano onde não devia, e o Judiciário virá corrigir.

Em resumo: entre expectativas, pressões políticas e desejos de A ou B, o inquérito policial é apenas o pontapé inicial de uma longa partida. O processo jurídico mal começou. E a Câmara, sabendo disso, precisa decidir se entra no jogo agora — correndo riscos jurídicos enormes — ou se aguarda o andamento natural das instituições.

O tabuleiro está posto. As peças se mexem. Mas o xeque-mate, esse ainda está longe de acontecer.

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