Criado
nos anos 1980, o Jornal de Arcoverde surgiu em uma época em que o impresso
vivia seu auge e se consolidou como uma das principais vozes da cidade e da
região. Com um estilo direto e combativo, Enaldo fez do JA um instrumento de
informação, crítica e reflexão, mantendo-o ativo até os dias atuais — um feito
raro em tempos de transformações digitais e desafios econômicos para a imprensa
tradicional.
Além
da vida jornalística, Enaldo Cândido era figura presente em gestões públicas,
como nas administrações do ex-prefeito Áureo Bradley e Ruy de Barros, sempre
com a marca da sinceridade e da coragem que o acompanhavam em cada texto e
conversa. Um dos momentos mais emblemáticos de sua trajetória ocorreu em 1986,
quando acabou preso após divulgar informações sigilosas da Justiça local —
episódio que ficou marcado como um caso de perseguição judicial e política, mas
que também consolidou sua imagem de jornalista destemido e comprometido com a
verdade.
Nos
bastidores da cidade, Enaldo era figura querida e presença constante na chamada
“Confraria do JA”, que se reunia no antigo Caldinho, no bairro São Geraldo,
onde celebrava, ano após ano, seus “eternos 39 anos”. Um homem de histórias, de
humor afiado e de convicções fortes, que transformou o cotidiano de Arcoverde
em páginas vivas de jornalismo matuto e autêntico.
Enaldo
Cândido parte deixando um legado de resistência, independência e amor à
comunicação. Sua trajetória simboliza o espírito do jornalismo interiorano,
aquele que enfrenta as limitações gráficas e as pressões do poder, mas não abre
mão da verdade e da voz do povo.
Arcoverde despede-se de um de seus mais ilustres cronistas — um jornalista que, com sua pena e seu coração sertanejo, escreveu parte da história da cidade e da imprensa pernambucana.
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