terça-feira, 15 de julho de 2025

Gonet revê benefícios a Mauro Cid e pede condenação de Bolsonaro e ex-ministros no STF

           Em uma guinada significativa na condução das investigações que envolvem o entorno do ex-presidente Jair Bolsonaro, o procurador-geral da República, Paulo Gonet, apresentou ao Supremo Tribunal Federal (STF), na noite desta segunda-feira (14), suas alegações finais no processo que envolve o tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens da Presidência. O documento, robusto e crítico, recomenda restrição dos benefícios da delação premiada de Cid, ao mesmo tempo em que pede a condenação de nomes centrais do governo Bolsonaro, incluindo o próprio ex-presidente.

Segundo Gonet, a colaboração premiada de Mauro Cid foi marcada por omissões deliberadas, quebra de compromissos firmados e até ações incompatíveis com a boa-fé que deveria reger o acordo. Em razão disso, o procurador-geral propõe que a pena de Cid seja reduzida em apenas 1/3 da condenação prevista, valor mínimo para colaborações do tipo, distanciando-se do que foi inicialmente pactuado entre o réu e o Ministério Público.

“A omissão de fatos graves, a adoção de uma narrativa seletiva e a ambiguidade do comportamento prejudicam apenas o próprio réu”, afirmou Gonet, ao justificar o pedido de restrição dos benefícios, ressaltando que tais condutas não comprometem as provas reunidas no processo.

Entre os elementos citados por Gonet estão os áudios revelados pela revista Veja, nos quais Cid comenta os bastidores das investigações. O procurador também destacou o uso suspeito de um perfil falso no Instagram (@gabriela702), supostamente criado por Cid para estabelecer contato com o advogado Eduardo Kunz — atitude que fere cláusulas de sigilo e transparência da delação.

Em um movimento mais amplo, Gonet também pediu a condenação de outros oito réus ligados à gestão Bolsonaro, sob suspeita de envolvimento em ações antidemocráticas e articulações ilícitas contra o Estado Democrático de Direito. Entre os nomes estão:

  • Jair Bolsonaro, ex-presidente da República;
  • Alexandre Ramagem, ex-diretor da Abin;
  • Almir Garnier, ex-comandante da Marinha;
  • Anderson Torres, ex-ministro da Justiça;
  • Augusto Heleno, ex-chefe do GSI;
  • Paulo Sérgio Nogueira, ex-ministro da Defesa;
  • Walter Braga Netto, ex-ministro da Casa Civil e da Defesa.

Todos são apontados como participantes ou cúmplices em uma tentativa de ruptura institucional e construção de uma narrativa fraudulenta sobre as eleições de 2022. As acusações, se confirmadas, podem levar a penas severas e à inelegibilidade dos envolvidos.

A decisão final cabe agora ao STF, que analisará as alegações do Ministério Público e deverá julgar o caso nos próximos meses. A expectativa é que esse processo se torne um marco no enfrentamento das tentativas de golpe institucional no país, especialmente diante do simbolismo dos nomes envolvidos e da gravidade das acusações.

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