Comerciantes, profissionais
do turismo e prestadores de serviços demonstram cautela e incerteza quanto ao
impacto econômico do festival este ano. Muitos relatam que os lucros esperados
nas edições anteriores não se concretizaram nos últimos anos, apesar da
grandiosidade do evento.
Proprietários de bares,
salões de beleza, lojistas e corretores imobiliários ouvidos pela reportagem
apontam que a movimentação em 2024 foi de 40% a 50% menor do que a registrada
em 2023. Alguns comerciantes que costumavam reforçar estoques para o período
agora estão mais comedidos — temendo prejuízos diante de uma demanda mais
tímida.
Maria Roselania Costa da
Silva, dona do tradicional salão Rose Maison Hair, no bairro de Heliópolis,
acompanhou de perto essa mudança. Segundo ela, a preparação intensa dos
clientes para o FIG diminuiu consideravelmente.
“Antigamente, um mês
antes do Festival, o pessoal já começava a se preparar. Hoje, o movimento está
quase igual ao dos dias normais. E o pior: o público que vem já não gasta como
antes”, relatou a empresária, com 30 anos de atuação
no setor de beleza.
O corretor de imóveis Márcio
Elifas, que atua desde a primeira edição do FIG em 1990, também observa
mudanças profundas no comportamento dos visitantes. Segundo ele, a procura por
aluguel de casas despencou e, até esta semana, ele ainda não havia fechado nenhum
contrato.
“As pessoas estão
fazendo viagens curtas, só para assistir a um show e voltar. Isso impacta
diretamente no setor imobiliário. Quem aluga ainda quer cobrar caro, mas a
demanda caiu muito.”
Márcio atribui parte da
mudança ao perfil mais econômico dos turistas atuais e a uma possível
descentralização do evento, com visitantes preferindo programações específicas
ao invés de permanecer por vários dias na cidade.
Levantamentos realizados
pela Empresa de Turismo de Pernambuco (Empetur) também sinalizam uma
transformação no comportamento dos visitantes. Em 2022, a ocupação da rede
hoteleira durante os três finais de semana do FIG alcançou 87,4%. Já em 2024, a
taxa caiu para 84,13%, mesmo com a promessa de uma programação grandiosa e
diversificada.
A comparação ganhou ainda
mais relevância ao considerar que, em 2022, o FIG foi organizado pelo Governo
do Estado, durante a gestão de Paulo Câmara (PSB), enquanto em 2024, passou a
ser responsabilidade da Prefeitura de Garanhuns, sob o comando de Sivaldo
Albino (PSB).
Em nota, a Prefeitura de
Garanhuns nega qualquer retração na movimentação e reforça que o público de
2024 foi superior ao do ano anterior. Segundo a Secretaria de Cultura, a Praça
Mestre Dominguinhos — principal polo do festival — teve recorde de público,
superando o evento de 2023, que, segundo eles, enfrentou esvaziamento durante a
gestão estadual.
“Em 2023, o evento
promovido pelo Governo do Estado teve uma adesão muito abaixo do esperado. Já
em 2024, conseguimos restabelecer o protagonismo do festival e beneficiar a
cadeia produtiva local”, afirmou a gestão municipal.
O FIG 2025 chega com uma dualidade:
enquanto promete movimentar a cultura pernambucana e aquecer o calendário
turístico do estado, a base econômica que sustenta o festival — comerciantes,
profissionais autônomos e prestadores de serviços — encara o evento com os pés
no chão.
Seja por precaução ou por experiência acumulada, a população de Garanhuns demonstra que a festa vai além dos palcos: está nas ruas, nas negociações, nos salões, nas pousadas e no dia a dia de quem espera que o festival volte a trazer prosperidade de fato — e não apenas nas estatísticas oficiais.
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