quarta-feira, 30 de julho de 2025

EUA sancionam ministro Alexandre de Moraes com base na Lei Magnitsky

                Em um movimento que amplia a tensão diplomática entre o Brasil e os Estados Unidos, o governo americano sancionou nesta quarta-feira (30) o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, com base na Lei Magnitsky, legislação criada para punir estrangeiros envolvidos em violações graves de direitos humanos ou corrupção em larga escala.

A decisão foi publicada pelo Escritório de Controle de Ativos Estrangeiros (OFAC), órgão vinculado ao Departamento do Tesouro dos EUA. A sanção prevê restrições como congelamento de bens em território norte-americano e impedimento de entrada nos Estados Unidos, sendo uma das ferramentas mais severas de pressão diplomática e política utilizadas por Washington.

Criada em 2012, durante o governo do ex-presidente Barack Obama, a Lei Magnitsky recebeu esse nome em homenagem ao advogado russo Sergei Magnitsky, que morreu na prisão após denunciar corrupção envolvendo autoridades russas. Inicialmente limitada a alvos da Rússia, a legislação foi ampliada em 2016 para aplicação global, permitindo que os EUA punam qualquer indivíduo, de qualquer país, acusado de envolvimento em corrupção sistemática ou abusos de direitos humanos.

Desde sua ampliação, a lei tem sido usada em diversos contextos políticos, com sanções aplicadas a dezenas de autoridades estrangeiras, incluindo membros de governos da China, Venezuela, Mianmar e Irã.

Segundo reportagem publicada pelo jornal The Washington Post, a inclusão de Alexandre de Moraes entre os sancionados ocorre após forte articulação do deputado licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) junto a membros do círculo político do ex-presidente Donald Trump. Fontes do jornal afirmaram que uma minuta com a proposta de sanções contra o ministro do STF circulou nas últimas semanas em setores do Departamento do Tesouro.

Duas autoridades americanas teriam confirmado ao jornal que o plano partiu de um esforço articulado por aliados de Trump com foco nas decisões judiciais de Moraes relacionadas aos atos antidemocráticos de 8 de janeiro de 2023. A proposta, no entanto, enfrentou resistência dentro do próprio governo americano, especialmente no OFAC, onde analistas temiam que a medida comprometesse a credibilidade dos EUA na defesa global da democracia.

“Estaríamos punindo um juiz supremo por suas decisões judiciais em um país democrático. Isso nos coloca em contradição com os princípios que defendemos”, teria dito, sob anonimato, um funcionário do Tesouro ao Washington Post.

A sanção chega em um momento delicado nas relações entre Brasil e EUA, especialmente no contexto da pré-campanha de Donald Trump, que pode buscar capitalizar politicamente junto à base conservadora americana e aliados ideológicos no Brasil.

Até o momento, o governo brasileiro não se pronunciou oficialmente sobre a sanção. No entanto, a expectativa é que a decisão repercuta tanto no cenário político interno quanto nas instâncias diplomáticas, podendo acirrar o debate sobre soberania, independência dos Poderes e cooperação internacional.

Analistas indicam que o gesto dos EUA, mesmo que controverso, pode gerar forte impacto simbólico nas narrativas políticas em curso no Brasil, especialmente no ambiente polarizado entre apoiadores e críticos do Judiciário. Também levanta questionamentos sobre o uso da política externa norte-americana como ferramenta de influência sobre democracias estrangeiras. 

👉 Acompanhe mais notícias e curta nossas redes sociais:

📸 Instagram   👍 Facebook

Nenhum comentário:

Postar um comentário