quarta-feira, 16 de julho de 2025

Corrupção no Presídio de Igarassu: MPPE denuncia 14 acusados e revela detalhes de propinas e regalias

                   Um escândalo que lança luz sobre a conivência entre servidores públicos e o crime organizado dentro do sistema prisional pernambucano veio à tona com a denúncia formal apresentada pelo Ministério Público de Pernambuco (MPPE). O órgão denunciou 14 pessoas envolvidas em um esquema de corrupção instalado no Presídio de Igarassu, na Região Metropolitana do Recife, incluindo ex-gestores da administração penitenciária.

No centro das investigações estão Charles Belarmino de Queiroz, ex-diretor da unidade prisional, e André de Araújo Albuquerque, ex-secretário executivo de Administração Penitenciária e Ressocialização. Este último chegou a ser filmado recebendo propina dentro da sala da diretoria do presídio, em uma das provas mais contundentes apresentadas no inquérito.

De acordo com a denúncia, Charles Belarmino, que comandou o presídio de abril de 2016 até o final de 2024, foi o líder de uma organização criminosa montada dentro da própria estrutura do sistema prisional. Com autoridade funcional e profundo conhecimento da rotina carcerária, ele teria articulado, ao longo dos anos, um esquema de arrecadação ilícita que envolvia o pagamento periódico de propinas por parte de detentos.

Esses pagamentos, segundo o MPPE, eram cobrados em troca de regalias e permissões ilegais, como a entrada de bebidas alcoólicas, celulares, realização de festas nos pavilhões, manutenção de comércios clandestinos, como cantinas e venda de cigarros, e até a transferência de presos a pedido.

Trechos de diálogos entre Charles e o presidiário Lyferson Barbosa da Silva, que comandava um dos pavilhões, foram anexados à denúncia e reforçam a relação direta e informal entre a direção da unidade e lideranças do tráfico. Nas mensagens, Lyferson pede autorização para festas, solicita entrada de bebidas e repassa informações sobre a movimentação dentro da cadeia.

Além do dinheiro, o ex-diretor teria recebido bebidas importadas, relógios e anéis de luxo como forma de propina.

A denúncia descreve uma estrutura criminosa organizada, com divisão clara de funções entre os envolvidos, incluindo servidores, internos e terceiros. O MPPE aponta que o esquema foi mantido por anos, operando à sombra do sistema oficial, com omissão deliberada de parte da gestão pública e tolerância às práticas ilegais em troca de vantagens pessoais.

O Ministério Público pediu o prosseguimento da ação penal, que pode levar os réus a responderem por crimes como organização criminosa, corrupção passiva, lavagem de dinheiro e prevaricação.

“Trata-se de um caso emblemático que exige punição exemplar, não apenas pela gravidade dos crimes, mas pela violação profunda da confiança pública em instituições fundamentais para a justiça e a segurança”, afirmou um dos promotores responsáveis pela investigação. 

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