Integrante da corrente Construindo
um Novo Brasil (CNB) – mesma do senador Humberto Costa, maior liderança da
sigla no estado –, Veras consolidou uma articulação de bastidores que se
mostrou decisiva: construiu pontes entre diferentes alas internas, incluindo o
apoio simultâneo dos senadores Humberto Costa e Teresa Leitão, que
tradicionalmente não caminham juntos. Essa costura política lhe garantiu
maioria expressiva em várias regiões do interior, chegando a alcançar até 90%
dos votos em alguns municípios.
A eleição de Veras é o
desfecho de um processo que começou com seis pré-candidaturas ao comando do PT
estadual, mas que foi sendo afunilado por articulações internas. Quatro desses
nomes, incluindo o candidato inicialmente apoiado por Teresa Leitão, abriram
mão da disputa para somar força à candidatura de consenso liderada por Veras.
Com um mandato de quatro
anos pela frente, Carlos Veras assume o partido com o desafio de reconectar a
militância petista, historicamente mobilizada, mas que tem se mostrado distante
da vida interna do partido nos últimos anos. Ele também pretende trabalhar para
que o PT volte a ser protagonista no debate político estadual, algo que,
segundo membros da própria legenda, foi perdido após anos de subordinação
política ao PSB, aliado nacional da sigla.
Nos bastidores, a
insatisfação do PT com o tratamento dispensado pelo PSB vem crescendo. Em 2022,
a senadora Teresa Leitão quase ficou de fora da aliança majoritária em
Pernambuco – sendo aceita na chapa apenas após intervenção direta do presidente
Lula, já que o PSB desejava que ela fosse vice, e não candidata ao Senado.
Em 2024, a frustração se
repetiu: Teresa Leitão defendeu o nome do médico Mozart Sales para compor como
vice a chapa de reeleição do prefeito João Campos (PSB) no Recife, mas o nome
foi vetado. A senadora confidenciou a interlocutores sua decepção e tem
reiterado que a candidatura à reeleição do senador Humberto Costa deve ser
respeitada e garantida pelo PSB, reforçando que essa é também a vontade de
Lula.
Com essa eleição, o PT de Pernambuco dá um passo importante para reorganizar sua base, reconstruir pontes com a militância e reafirmar sua identidade dentro de um cenário político estadual ainda dominado pelo pragmatismo das alianças. Carlos Veras, agora no comando, assume o compromisso de unir correntes, mobilizar militantes e recolocar o partido no centro do jogo político estadual.
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