As mensagens, parte de uma
troca informal entre Orlando Martello, um dos procuradores envolvidos na
operação, e autoridades suíças, revelam a intromissão do ex-magistrado e atual
senador pelo União Brasil nesse caso específico. O executivo em questão era
Fernando Migliaccio, responsável pelo departamento de Operações Estruturadas da
Odebrecht, área da empresa responsável pela distribuição de propina. Ele foi
preso na Suíça em fevereiro de 2016 e retornou ao Brasil no final daquele ano
para colaborar com a Justiça e firmar um acordo de delação premiada.
A prisão de Migliaccio foi
considerada um ponto-chave para o destino da Lava Jato, pois permitiu
identificar pagamentos da Odebrecht a políticos em diversos países. As
conversas revelam o amplo interesse de Moro no executivo detido, mesmo que ele
tenha concordado em atrasar o pedido de extradição.
As mensagens também revelam
que os procuradores da Lava Jato tiveram conhecimento extraoficial da
existência de informações na Suíça indicando que Marcelo Odebrecht,
ex-presidente da empresa, teria ordenado o pagamento de propinas em várias
partes do mundo. O procurador suíço Stefan Lenz sugeriu, em uma mensagem, que
os brasileiros fizessem um pedido de Assistência Mútua Legal para interrogar
Marcelo Odebrecht na Suíça e ter acesso aos dados apreendidos.
O diálogo entre os
procuradores brasileiros e suíços, realizado por meio do aplicativo de celular
Telegram, durou mais de três anos e continha informações compartilhadas
diariamente, antecipando documentos, decisões e alinhando estratégias de
atuação, mesmo antes do uso dos canais oficiais para a transferência de pedidos
de cooperação internacional. Essa prática é irregular, uma vez que a
transmissão de informações deve ocorrer por meio de solicitações formais e
canais oficiais.
As revelações das mensagens fazem parte do material apreendido durante a Operação Spoofing, que investigou o hackeamento das contas de Sergio Moro e dos procuradores da Lava Jato. Embora as conversas tenham sido realizadas em inglês, paralelamente ao Telegram, elas não foram registradas em documentos oficiais. Do Ricardo Antunes
CURTA NOSSA FANPAGE E PERFIL
NO INSTAGRAM
Nenhum comentário:
Postar um comentário