quinta-feira, 6 de julho de 2023

Sergio Moro pressionou procuradores da Lava Jato por extradição de executivo da Odebrecht

                    Um conjunto de mensagens inéditas, obtidas com exclusividade pelo jornalista Jamil Chade, do UOL, revela que Sergio Moro, ex-juiz da 13ª Vara Federal em Curitiba, pressionou os procuradores da Operação Lava Jato para que solicitassem a extradição de um executivo da Odebrecht considerado crucial para a investigação. No entanto, Moro teria concordado em atrasar o pedido para auxiliar os investigadores brasileiros e suíços que estavam trocando informações e documentos por canais não oficiais, prática considerada irregular.

As mensagens, parte de uma troca informal entre Orlando Martello, um dos procuradores envolvidos na operação, e autoridades suíças, revelam a intromissão do ex-magistrado e atual senador pelo União Brasil nesse caso específico. O executivo em questão era Fernando Migliaccio, responsável pelo departamento de Operações Estruturadas da Odebrecht, área da empresa responsável pela distribuição de propina. Ele foi preso na Suíça em fevereiro de 2016 e retornou ao Brasil no final daquele ano para colaborar com a Justiça e firmar um acordo de delação premiada.

A prisão de Migliaccio foi considerada um ponto-chave para o destino da Lava Jato, pois permitiu identificar pagamentos da Odebrecht a políticos em diversos países. As conversas revelam o amplo interesse de Moro no executivo detido, mesmo que ele tenha concordado em atrasar o pedido de extradição.

As mensagens também revelam que os procuradores da Lava Jato tiveram conhecimento extraoficial da existência de informações na Suíça indicando que Marcelo Odebrecht, ex-presidente da empresa, teria ordenado o pagamento de propinas em várias partes do mundo. O procurador suíço Stefan Lenz sugeriu, em uma mensagem, que os brasileiros fizessem um pedido de Assistência Mútua Legal para interrogar Marcelo Odebrecht na Suíça e ter acesso aos dados apreendidos.

O diálogo entre os procuradores brasileiros e suíços, realizado por meio do aplicativo de celular Telegram, durou mais de três anos e continha informações compartilhadas diariamente, antecipando documentos, decisões e alinhando estratégias de atuação, mesmo antes do uso dos canais oficiais para a transferência de pedidos de cooperação internacional. Essa prática é irregular, uma vez que a transmissão de informações deve ocorrer por meio de solicitações formais e canais oficiais.

As revelações das mensagens fazem parte do material apreendido durante a Operação Spoofing, que investigou o hackeamento das contas de Sergio Moro e dos procuradores da Lava Jato. Embora as conversas tenham sido realizadas em inglês, paralelamente ao Telegram, elas não foram registradas em documentos oficiais. Do Ricardo Antunes 

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