Nas 224 páginas da
publicação, que integra o catálogo da Cepe Editora, os autores desbravam o
universo social, cultural e de resistência dos artesãos. Também mostram a
importância da Feira Nacional de Negócios do Artesanato (Fenearte) para dar
visibilidade à obra dos artistas e abrir caminhos no mundo dos negócios e do
empreendedorismo. O livro será lançado pela Cepe, em 8 de julho próximo, às
18h, na Fenearte.
Dos mestres e mestras que
integram o livro, seis moram na Região Metropolitana do Recife (RMR), um reside
na Mata Norte, três no Agreste e cinco no Sertão. “Quando a gente decidiu
contar a história dos mestres, a intenção era fazer com que as pessoas
enxergassem muito além das lindas peças e embarcassem em uma viagem pelo
riquíssimo universo da cultura popular pernambucana. E que também tivessem um
olhar mais apurado para a vida desses artistas em todos os aspectos, além de
mostrar que a arte tem um papel fundamental na transformação social de um povo,
de um país, quando é trabalhada como uma forte política pública”, explicam
Catarina Lucrécia Araújo e Márcio Markman, que assinam os textos, e Daniela
Nader, autora das mais de 300 fotografias da obra. O primeiro volume de Feira
de Sonhos, com o perfil de 11 mestres e mestras do artesanato, foi lançado em
2022 pela Cepe Editora.
Mestre Cunha, nome popular
de José Francisco Cunha, é um dos personagens com a história contada em Feira
de Sonhos. Morador de Jaboatão dos Guararapes e reconhecido pelo Governo do
Estado como Patrimônio Vivo de Pernambuco, ele constrói peças únicas em madeira
há mais de 30 anos. Em sua arte, o mestre promove o encontro entre diversos
elementos figurativos. “No universo peculiar dele, um peixe pode se transformar
em um veículo de passageiros, por exemplo”, descreve Márcio Markman. Assim como
Mestre Cunha, outros sete mestres retratados no livro trabalham com madeira:
Abias (Igarassu), Saúba (Jaboatão), Wagner Porto (Garanhuns), Marcos
(Sertânia), Chico Santeiro (Triunfo), Bezinho (Ibimirim) e Mazinho (Lagoa
Grande).
O percurso dos autores para
compor o mapa do segundo volume de Feira de Sonhos passa pelas obras
em barro dos mestres Mano de Baé (Tracunhaém), Nada (Olinda), Nena (Cabo de
Santo Agostinho) e Luiz Antônio (Caruaru). Hoje, aos 87 anos, Luiz Antônio,
criador de peças como O Fusca, A máquina de fazer telhas e O Eletricista,
espalhadas mundo afora, é um dos discípulos de Mestre Vitalino Pereira dos
Santos (1909-1963), de quem recebeu o apoio para vender suas peças na Feira de
Caruaru e ouviu uma frase que nunca esqueceu e norteia sua caminhada de
artesão: “A arte é para todos”. No livro, Catarina, Daniela e Márcio apontam
nesta direção, ampliando a lista dos mestres e mestras com os cordéis e
xilogravuras do Mestre J. Borges (Bezerros) e os trabalhos em fibras, casos da
Mestra Chiquinha (Salgueiro) e das tapeceiras do Timbi (Camaragibe).
A ligação dos mestres e
mestras retratados no livro com a Fenearte é estreita. Em alguns casos, ela
ocorre desde a primeira edição da feira, realizada no ano 2000. Nesta lista
entram J. Borges e as tapeceiras de Camaragibe, por exemplo. Outros mestres e
mestras começaram a expor e a vender os trabalhos bem depois, como Mano de Baé,
que levou as suas primeiras peças para a Fenearte em 2014. Nesse ano, foram 14
peças. Em 2019, quando pensava em colocar o seu próprio estande, foi comunicado
que, a partir daquele ano, seria um mestre e teria lugar próprio. Desde então,
não leva menos de 200 peças para o evento. “A Fenearte me projetou muito. Não
tem como não ser. Sabe aquela história de que aqui a magia acontece? Pronto. É
a Fenearte”, reconhece Mano.
Serviço:
Lançamento do livro Feira
de Sonhos: Artesanato Pernambucano – volume 2
Quando: 8/7, sábado
Horário: 18 horas
Onde: Espaço Janete
Costa (área externa da 23ª Fenearte) – Pavilhão do Centro de
Convenções de Pernambuco, Olinda
Preço do livro: R$
149,00 (livro impresso)
*Evento aberto ao público
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