Em evento, ontem, na
Fundação Fernando Henrique Cardoso (FHC), Moraes discursou por cerca de uma
hora sobre as eleições de 2022, os ataques à democracia e às urnas eletrônicas,
e os inquéritos do Judiciário que apuram os atos golpistas.
Moraes relatou a visita que
fez, no início do mês passado — ao lado da presidente do STF, ministra Rosa
Weber —, à Penitenciária Feminina da Colmeia, em Brasília, onde estão detidas
mulheres que participaram dos ataques.
"Várias pessoas
alienadas. Acham que não fizeram nada. Acham que foram se manifestar, liberdade
de manifestação. Uma delas chegou a dizer que estava passando por perto e viu,
e aí Deus disse para ela se refugiar debaixo da mesa do presidente do Senado
(Rodrigo Pacheco). Só por causa disso, ela entrou (no Congresso)", contou
o ministro. "É um negócio assustador o que essa lavagem cerebral dessas
milícias digitais está fazendo com inúmeras pessoas", acrescentou.
O magistrado afirmou que as
redes sociais contribuíram para o movimento de extrema direita que resultou na
depredação das sedes dos Três Poderes e na tentativa de golpe de Estado.
Conforme destacou, o fenômeno não foi exclusividade brasileira, e o grupo
conseguiu "capturar" as plataformas para se promover.
"Com uma clara
finalidade: o ataque à democracia, a quebra das regras democráticas. De forma —
e é necessário reconhecer isso — absurdamente competente", frisou. O
ministro defende medidas para responsabilizar as empresas pelos conteúdos
publicados em suas redes sociais.
"Vimos questões que,
aparentemente, são patéticas hoje, mas iriam crescer. Vocês lembram daquele
grupo ridículo, os 300, tentando imitar os 300 de Esparta. Eram 30. Além de
ridículos, não sabiam matemática", ironizou. "Com tochas, pareciam a
Ku Klux Klan. Ridículo. Só que isso incendiou as redes."
O grupo "300 do
Brasil" surgiu em 2020, era liderado pela bolsonarista extremista Sara
Winter e ostentava armas de fogo. A líder foi presa naquele mesmo ano, no
âmbito de inquérito que investigava a propagação de fake news, e chegou a
ameaçar Moraes. "O pior legado dessas milícias digitais foi esse ódio,
essa inimizade que gerou entre as pessoas", pontuou.
O inquérito das fake news,
aberto pelo então presidente da Corte, Dias Toffoli, foi a primeira ação do
Supremo contra extremistas. Moraes declarou que a iniciativa representou um
"acerto histórico". Ele estima que, sem ela, a escalada de violência
da extrema direita teria sido muito maior.
Moraes disse que estar à frente do inquérito, que o colocou como alvo da militância bolsonarista, não foi sua escolha. "Não achem que eu pedi para ser o relator. Foi goela abaixo", enfatizou. Ele mencionou, também, o segundo inquérito contra atos antidemocráticos, cuja relatoria foi distribuída: "Caiu comigo de novo".
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