quinta-feira, 9 de março de 2023

Estudante realiza, aos 49 anos, sonho de passar em Medicina

                 Mãe, esposa, vendedora de marmitas, passadeira e dona de casa, mas, sobretudo, uma estudante que almejava desde criança passar em Medicina. Janecleia Sueli Maia Martins, de 49 anos, foi aprovada no curso após 12 anos de dedicação e tentativas e uma vida inteira de batalhas com a certeza de que, um dia, alcançaria a realização do seu sonho mais esperado. Natural da cidade baiana de Piritiba, Jane, como é conhecida, mora em Petrolina, no Sertão do São Francisco de Pernambuco, desde os 16 anos de idade, quando casou. 

Jane foi aprovada na Universidade do Estado da Bahia (Uneb), em Salvador, a 500 quilômetros de distância de Petrolina, e se prepara para o início das aulas, marcado para a próxima segunda-feira (13). Para arcar com os custos do início de sua estadia na capital baiana, a estudante lançou uma vaquinha virtual - disponível neste link

A perda da avó materna para o câncer, quando criança, foi um catalisador do seu sonho de ser médica. O objetivo dela era "estudar para médica para curar as pessoas dessa doença maldita".

A sua família, de seis irmãos, era muito humilde: o pai trabalhava como vendedor ambulante e a mãe, fazia serviços gerais, como faxineira e copeira.

"Não tinha condições de bancar os estudos da gente para cursar, por exemplo, Medicina. Era muito difícil para a família", rememora a estudante. É por causa da morte da avó, inclusive, que o sonho de Janecleia é se especializar em Cirurgia ou Oncologia.

Diante das dificuldades da família do interior da Bahia, Jane seguiu com os estudos e terminou o então 2º grau (atual Ensino Médio) da escola em 1994. Depois, Jane casou, teve dois filhos e foi trabalhar para tirar o seu sustento. "Fui trabalhar em tudo que aparecia e sempre com aquele sonho na cabeça. Eu tinha os meus pés no chão que tinha esse sonho, mas não poderia realizar por causa das condições e também porque na região não havia faculdade de Medicina", completa Janecleia.

A chama do sonho de criança reacendeu em Jane com a chegada do campus da Universidade Federal do Vale do São Francisco (Univasf), em Petrolina, no ano de 2009. Na época, ela trabalhava em supermercado: "Agora sim, vai chegar a minha vez", lembra a estudante. Após ser demitida do emprego, ela voltou a estudar. De início, ela tentou em cursinhos da região de Petrolina, já que havia terminado os estudos há 15 anos.

"Eu vi que não tinha condições nenhuma, o meu conhecimento era muito pouco para alcançar uma meta tão alta. Então eu fui e busquei nos cursinhos bolsas de estudo, já que não tinha condições de pagar. Onde eu não conseguia as bolsas, eu falava com o dono, com a dona e entendiam a minha história e me deram bolsas. Não posso nem citar nomes, porque são muitos", prossegue Jane.

Enquanto estudava, a baiana seguia com uma jornada árdua: também trabalhava na informalidade vendendo marmitas, fazendo faxinas, lavando e passando roupa e comercializando perfumes. "Trabalhando durante o dia e corria para o cursinho à noite. Teve uma época que estava fazendo marmitas, entregava até 1 hora da tarde e corria para o cursinho, era o horário que eu tinha", completa a estudante, lembrando ainda que estudava até meia-noite, uma da manhã e às cinco, seis já estava de pé novamente para "continuar a batalha". 

Jane seguia com as tentativas em alcançar no seu sonho de criança. "Tentei por inúmeros anos, recebi muitas críticas de muita gente maldosa. Do tipo: 'Você vai passar uma vida tentando e não vai conseguir nunca, porque a pessoa que veio de escola pública, você já está velha, não tem condições de você acompanhar a cabeça dos jovens de hoje. Para passar em Medicina? Impossível!'", pontua Janecleia, que prossegue:

"Ouvi muito essa palavra impossível"

"Aí eu dizia: impossível, não! Para quem crê em Deus e tem força de vontade e sonhos, não existe o impossível. Tudo é possível", continua Jane, dizendo ainda que seguiu tentando fazendo vestibulares e Enem. Ela queria fazer o curso em Petrolina, mas passou na Uneb, em Salvador, onde se inscreveu porque o pai morava perto, mas ele faleceu ano passado. Da Folhape

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