Jane foi aprovada na Universidade
do Estado da Bahia (Uneb), em Salvador, a 500 quilômetros de distância de
Petrolina, e se prepara para o início das aulas, marcado para a próxima
segunda-feira (13). Para arcar com os custos do início de sua estadia na
capital baiana, a estudante lançou uma vaquinha virtual - disponível neste link.
A perda da avó materna para
o câncer, quando criança, foi um catalisador do seu sonho de ser
médica. O objetivo dela era "estudar para médica para curar as pessoas
dessa doença maldita".
A sua família, de seis
irmãos, era muito humilde: o pai trabalhava como vendedor ambulante e a mãe,
fazia serviços gerais, como faxineira e copeira.
"Não tinha condições de
bancar os estudos da gente para cursar, por exemplo, Medicina. Era muito
difícil para a família", rememora a estudante. É por causa da morte da
avó, inclusive, que o sonho de Janecleia é se especializar em Cirurgia ou Oncologia.
Diante das dificuldades da
família do interior da Bahia, Jane seguiu com os estudos e terminou o
então 2º grau (atual Ensino Médio) da escola em 1994. Depois, Jane casou,
teve dois filhos e foi trabalhar para tirar o seu sustento. "Fui trabalhar
em tudo que aparecia e sempre com aquele sonho na cabeça. Eu tinha os meus pés
no chão que tinha esse sonho, mas não poderia realizar por causa das condições
e também porque na região não havia faculdade de Medicina", completa
Janecleia.
A chama do sonho de criança
reacendeu em Jane com a chegada do campus da Universidade Federal do Vale
do São Francisco (Univasf), em Petrolina, no ano de 2009. Na época, ela trabalhava
em supermercado: "Agora sim, vai chegar a minha vez", lembra a
estudante. Após ser demitida do emprego, ela voltou a estudar. De início, ela
tentou em cursinhos da região de Petrolina, já que havia terminado os estudos
há 15 anos.
"Eu vi que não tinha
condições nenhuma, o meu conhecimento era muito pouco para alcançar uma meta
tão alta. Então eu fui e busquei nos cursinhos bolsas de estudo, já que não
tinha condições de pagar. Onde eu não conseguia as bolsas, eu falava com o
dono, com a dona e entendiam a minha história e me deram bolsas. Não posso nem
citar nomes, porque são muitos", prossegue Jane.
Enquanto estudava, a
baiana seguia com uma jornada árdua: também trabalhava na informalidade vendendo
marmitas, fazendo faxinas, lavando e passando roupa e
comercializando perfumes. "Trabalhando durante o dia e corria para o
cursinho à noite. Teve uma época que estava fazendo marmitas, entregava até 1
hora da tarde e corria para o cursinho, era o horário que eu tinha",
completa a estudante, lembrando ainda que estudava até meia-noite, uma da manhã
e às cinco, seis já estava de pé novamente para "continuar a
batalha".
Jane seguia com as
tentativas em alcançar no seu sonho de criança. "Tentei por inúmeros
anos, recebi muitas críticas de muita gente maldosa. Do tipo: 'Você vai passar
uma vida tentando e não vai conseguir nunca, porque a pessoa que veio de escola
pública, você já está velha, não tem condições de você acompanhar a cabeça dos
jovens de hoje. Para passar em Medicina? Impossível!'", pontua Janecleia,
que prossegue:
"Ouvi muito essa
palavra impossível"
"Aí eu dizia:
impossível, não! Para quem crê em Deus e tem força de vontade e sonhos, não
existe o impossível. Tudo é possível", continua Jane, dizendo ainda que
seguiu tentando fazendo vestibulares e Enem. Ela queria fazer o curso em
Petrolina, mas passou na Uneb, em Salvador, onde se inscreveu porque o pai
morava perto, mas ele faleceu ano passado. Da Folhape
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