Nesta segunda (19), o MPF-PE
informou que solicitou a responsabilização de envolvidos no episódio conhecido
como "Massacre da Granja São Bento", em Paulista, no Grande
Recife, em 1973.
A chacina aconteceu no dia 8
de janeiro. Foram mortos seis militantes da Vanguarda Popular Revolucionária
(VPR).
Segundo relatos históricos
citados pelo MPF-PE, a delação do grupo partiu do ex-marinheiro José Anselmo
dos Santos.
Conhecido como Cabo Anselmo,
ele foi considerado um dos principais agendes duplos da ditadura e morreu
em março deste ano.
Entre os pedidos do MPF está
a responsabilização cível do delegado aposentado Carlos Alberto Augusto,
conhecido como Carlinhos Metralha.
Segundo o MPF-PE, ele atuou
no Departamento Estadual de Ordem Política e Social (Dops) em São Paulo.
Ainda de acordo com o
MPF-PE, “os atos de violência praticados por Carlinhos Metralha causaram as
mortes de Soledad Barrett Viedma, Pauline Philippe Reichstul, Eudaldo Gomes da
Silva, Evaldo Luiz Ferreira de Souza, Jarbas Pereira Marques e José Manoel da
Silva”.
O Ministério Público Federal
também apontou “ocultação dos cadáveres de Eudaldo, Evaldo e Soledad, que
testemunhas relataram estar grávida”. Soledad, informou o MPF-PE, manteve um
relacionamento com Cabo Anselmo.
Os nomes dessas vítimas
constam na lista divulgada pela Comissão da Verdade, em 2012. O colegiado
apurou crimes cometidos por agentes durante o período de repressão política no
país.
O MPF solicitou que a
Justiça Federal condene Carlinhos Metralha a ressarcir as indenizações pagas
pelo Tesouro Nacional aos familiares das vítimas do massacre e a cassação da
aposentadoria dele como delegado da Polícia Civil.
O MPF pediu também à Justiça
Federal, entre outros pontos, a condenação da União, do estado de São Paulo e
de Carlinhos Metralha a repararem os danos morais coletivos, mediante
indenização a ser revertida ao Fundo de Direitos Difusos.
Carlinhos Metralha já foi
condenado, na esfera penal, como o primeiro ex-agente da ditadura
responsabilizado por crimes cometidos no período.
Essa condenação foi
resultado de uma denúncia do MPF, em 2012, pelo sequestro do ex-fuzileiro
naval Edgar de Aquino Duarte, em 1971, em São Paulo.
Outra meta da ação é
conseguir na Justiça que o governo federal seja obrigado a divulgar informações
sobre a chacina, “por meio de ação ou espaço destinado a promover a memória e a
verdade com relação às graves violações aos direitos humanos ocorridas em
Pernambuco”.
Além disso, o MPF-PE quer
que a União repare danos imateriais causados pelas condutas de seus agentes
durante a repressão aos dissidentes políticos da ditadura.
Foi solicitado, por exemplo,
um pedido de desculpas formal à população brasileira, “com a menção expressa ao
ocorrido na Granja São Bento”.
Por meio de nota, o MPF=PE
informou que todos os militantes mortos no Massacre da Granja São bento eram da
Vanguarda Popular Revolucionária (VPR).
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