"É absolutamente inaceitável que, nesse momento, a gente tenha acabado de
receber a notícia de que as vacinas não virão da China e da Índia (...) O que é
que pode justificar nesse momento que o Brasil não tenha as vacinas disponíveis
para a sua população? Isso é absolutamente injustificado, não há nada, nenhuma
explicação, que pode justificar isso", afirmou Margareth, bastante
emocionada, durante seu discurso no Prêmio São Sebastião, homenagem oferecida
pela Arquidiocese do Rio de Janeiro, em evento realizado na terça (19).
Um
vídeo com o discurso da pesquisadora está sendo divulgado nas redes sociais e
em grupos de WhatsApp.
"Eu
lhes digo não há nada neste momento que justifique, a não ser a desídia
absoluta, a incompetência diplomática do Brasil que não permita que cada um dos
senhores aqui presentes, as suas famílias e aqueles que vocês amam estejam
amanhã ou nos próximos meses, de acordo com o cronograma elaborado, recebendo a
única solução que há para uma doença como a Covid-19", segue Margareth.
"Nós
que acompanhamos pacientes desde o primeiro momento, quantas coisas nós
vivemos, quantos testamentos vimos ser trocados, quantos casamentos ajudamos a
ser feitos, quantas pessoas ajudamos a morrer, quantas notícias tristes nós
demos as famílias", continua Margareth em seu discurso.
"Quando
aquela porta se fecha e nunca mais aquela pessoa verá ninguém, a não ser os
nossos olhos atrás de óculos e máscaras. Essa vivência nos tornou não mais
poderosos, não mais sábios. Nos tornou mais humildes, mais atentos com o outro",
disse.
O
atraso na operação de envio de um avião para recolher vacinas na Índia e o
risco de adiamento da produção de imunizantes no Brasil diante de travas
impostas pela China para a exportação de insumos desencadearam um bombardeio de
críticas ao chanceler Ernesto Araújo, que tem sido apontado por auxiliares do
presidente Jair Bolsonaro (sem partido) como corresponsável por episódios
considerados vexames diplomáticos para o Brasil.
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