
Os
trabalhos para desenvolver, produzir e distribuir uma vacina eficaz e segura
contra a Covid-19 estão sendo feitos em velocidade inédita, mas, mesmo se tudo
der certo, elas não estarão disponíveis antes de 12 ou 18 meses, afirmou nesta
sexta (26) a OMS (Organização Mundial da Saúde).
A organização coordena o Act Accelerator, projeto que articula pesquisa, desenvolvimento, produção e licitação em nível global de testes, medicamentos e vacinas para a Covid-19.
"Até
que comecem a chegar resultados positivos dos testes clínicos que começaram a
ser feitos com humanos, é cedo até para dizer quem está na dianteira desse
esforço", afirmou Andrew Witty, ex-executivo-chefe do laboratório
GlaxoSmithKline que está à frente do braço de vacinas (Covax).
Segundo a cientista-chefe da OMS, Soumya Swaminathan, até hoje a vacina obtida em tempo mais curto foi a da zika, em dois anos, mas sem testes amplos. A vacina contra o ebola, que seguiu os protocolos mais amplos, levou cinco anos.
Segundo a cientista-chefe da OMS, Soumya Swaminathan, até hoje a vacina obtida em tempo mais curto foi a da zika, em dois anos, mas sem testes amplos. A vacina contra o ebola, que seguiu os protocolos mais amplos, levou cinco anos.
"Em
geral, da pesquisa à aplicação uma vacina leva dez anos. Queremos encurtar para
o mais breve possível, 12 ou no máximo 18 meses, mas isso só será possível se
houver cooperação de todos os envolvidos -universidades, laboratórios grandes e
pequenos, indústria e governos", disse ela.
O Departamento
de Saúde e Serviços Humanos dos EUA (HHS) já afirmou que as primeiras doses
poderiam estar disponíveis já em outubro deste ano, e empresas também têm
anunciado prazos mais curtos.
Soumya
afirmou que há mais de 200 vacinas candidatas a implementação, das quais cerca
de 15 estão sendo testadas em humanos. Um esforço conjunto, porém, é necessário
porque não será possível seguir o trajeto normal de primeiro encontrar a vacina
viável e depois investir na sua produção.
"Não
temos tempo de terminar a pesquisa e o desenvolvimento e depois escalar a
produção. Precisamos investir na produção desde já, e pensando nos diferentes
tipos e tecnologias que podem ter sucesso", disse ela.
A
cientista-chefe afirmou que serão necessários US$ 11,3 bilhões (R$ 62,5
bilhões) nos próximos seis meses e mais US$ 6,8 bilhões em 2021 para cumprir a
meta de chegar ao final do próximo ano com 2 bilhões de doses disponíveis à
população mais vulnerável e exposta à doença.
Soumya disse que também é preciso que os governos assumam o compromisso de comprar 1 bilhão da Covax, para garantir o investimento na produção.
Embora
ainda não haja acordo sobre propriedade intelectual e licenciamento da
produção, ela se disse confiante na disposição das corporações de tratarem a
vacina para Covid-19 como um bem comum global. "Temos conversado com a
indústria, e rivais estão compartilhando dados e recursos para acelerar os
trabalhos. Estamos vendo, mais do que boa vontade, avanços práticos",
disse ela.
Witty disse que há um esforço "imenso" de universidades e companhias no desenvolvimento de um portfólio bastante variado, usando tecnologias diferentes, mas que o momento tem que ser de "humildade" até que seja demonstrado sucesso na fase experimental.
"Podemos
ser supersortudos e encontrar um vencedor logo cedo, mais ainda assim levaremos
12 ou 18 meses para chegar a todos, o que já será incrivelmente precoce",
disse ele.
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