Sertão de Pernambuco em alerta por causa da Covid-19

             "É preciso que todos entendam que o vírus não foi embora.” O alerta é do secretário de Saúde de Pernambuco, André Longo, em mais um pedido para que a população do Estado mantenha vigilância em relação às medidas de distanciamento social e higiene, bem como o uso correto das máscaras para combater a disseminação do novo coronavírus. 

Nesta sexta-feira (26), Caruaru e Bezerros, no Agreste, iniciaram um período de quarentena rígida que durará, inicialmente, dez dias. Os municípios são responsáveis por 71% dos novos casos graves da Covid-19 na região, que vem registrando aumento significativo de infectados nas últimas semanas. 

Longo, no entanto, pediu colaboração dos gestores e munícipes das outras 30 cidades que compõem a região do Agreste. Segundo ele, embora o epicentro seja Caruaru, há um monitoramento completo que não impossibilita a implantação de medidas mais rígidas em outros municípios, caso necessário. 

Longo fez um alerta ainda para o Sertão, que tem hoje uma das taxas de transmissibilidade mais altas do Estado. "A interiorização da doença é um fenômeno nacional. Precisamos conter a doença. Ela chega com força no Agreste nesse momento, mas já dá sinais que chegará com força também no Sertão. Provavelmente teremos que adotar medidas por lá também”, adiantou. Nesta semana, o gestor havia dito que é esperado um aumento expressivo de casos da Covid-19 no Sertão durante o mês de julho.  

"Estamos em alerta, observando os números do Sertão. Na semana 25, chamou atenção o número de casos. É certo que o número absoluto de casos do Sertão ainda é muito menor do que no Agreste. Apesar da taxa de transmissibilidade mostrar-se maior, não significa necessariamente que a doença esteja mais descontrolada na produção de pacientes graves. Preocupa, mas, no momento, preocupa mais o Agreste”, disse, nesta sexta. 

O secretário criticou a decisão da gestão de Petrolina, que tem como prefeito Miguel Coelho (MDB), de criar um plano de reabertura com datas diferentes da Governo do Estado. No dia 1º de junho, comércio, shoppings, serviços públicos, parques públicos e templos religiosos puderam operar com 50% da capacidade em Petrolina, enquanto agricultura, indústria, mototáxis, táxis, transporte por aplicativo e serviços essenciais funcionavam na capacidade total.  

O Ministério Público de Pernambuco pediu intervenção judicial para suspender a retomada, o que inicialmente foi negado, em 12 de junho. Uma semana depois, o Tribunal de Justiça do Estado (TJPE) interveio, uma vez que o município não atende o pré-requisito da Organização Mundial da Saúde (OMS) de ter dez leitos de UTI abertos para cada 100 mil habitantes.  

"Não havia maturidade nos números de Petrolina que justificassem um ritmo mais rápido do que o Estado. Então, é preciso cautela para evitar tropeçar nas próprias pernas. Estamos todos aprendendo com a pandemia. Ninguém tem o condão de acertar sempre, mas a cautela é o melhor remédio em situações como essa. Não podemos ficar imobilizados pelo medo, mas precisamos ter cautela”, disse André Longo. 

"É preciso que todos entendam que o vírus não foi embora. Ele continua circulando em Pernambuco. Mesmo na RMR (Região Metropolitana do Recife). Não se enganem, o vírus está aí, e ele é perigoso. Estamos passando por uma fase de maior estabilidade. Mas outros lugares têm mostrado que se você se descuidar, ele volta com força. O amanhã estamos construindo com o comportamento de hoje. Isso é importante para que não precisemos dar passos atras. Não é momento de comemoração ou de alegria, de descuidos. Precisamos continuar com todos os cuidados”, completou.   

Aumentar a rede hospitalar se tornou, mais do que nunca, essencial. O hospital de campanha construído pelo Governo em Petrolina ainda aguarda a definição, via edital, da organização social que irá administrá-lo. Enquanto isso, há leitos de UTI contratualizados nas redes privadas, e a UPAE recebeu equipamentos para abrir Unidades de Terapia Intensiva nesta sexta. O Estado está em contato com a Secretaria de Saúde da Bahia, a fim de estabelecer um esforço conjunto para reforçar a rede Peba, uma Central Interestadual de Regulação daquela região. 

"Temos zelo muito grande com as regiões do São Francisco e do Araripe, que compõem a rede Peba, junto com salgueiro. A situação em juazeiro passa por uma turbulência, com taxa de transmissibilidade elevada (são 558 casos confirmados, sendo mais de 350 ativos, além de mais de 100 suspeitos). Temos conversado com a Bahia, para ampliar a rede do outro lado da ponte. Do lado de Pernambuco, temos feito esforços, a UPAE ganhou leitos de UTI nesta sexta. Estamos reforçando a capacidade junto à Univasf. O governador Paulo Câmara autorizou a cessão de 40 respiradores para o hospital de traumas da Univasf. Temos ações nas redes privadas. Não descuidamos da região do Araripe. O Hospital Santa Maria, que já tem 10 leitos, ganhará novos leitos. Ouricuri está recebendo 10 leitos. Estamos fortalecendo essa região, que deve ter aumento de casos em julho”, concluiu André Longo.