Às
vésperas da visita de Jair Bolsonaro a Manaus (AM), policiais rodoviários
federais armados realizaram intervenção em reunião de professores
sindicalizados que preparavam manifestações contra o presidente. Os três
agentes foram ao local do encontro perguntar quem eram os organizadores dos
atos.
Relatos
de indignação foram compartilhados por participantes em redes sociais e
revelados ao portal UOL por dois professores, que enviaram fotos da ação.
Procurada, a PRF não respondeu qual a motivação ou o embasamento legal da
operação.
"Eu
havia acabado de sair da sala para beber água e me deparei com os policiais e a
ponta de uma metralhadora. Cheguei a pensar que eles eram do sindicato dos
policiais e de repente estavam ali para aderir ao movimento. Fomos falar com
eles e eles falaram que estavam cumprindo ordem do Exército Brasileiro",
declarou o professor de história Yann Ivannovick, que também é presidente da
Frente Brasil Popular no Amazonas.
Segundo
o acadêmico, a reunião estava prevista para iniciar às 17h na sede do Sindicato
dos Trabalhadores da Educação no Amazonas (Sinteam), no centro de Manaus. Meia
hora antes, às 16h30, ele relata que os policiais chegaram ao local e afirmaram
que acompanhariam a reunião.
O
professor disse que explicou aos policiais que o ato era pacífico e teria como
pauta manifestações contrárias ao "desmonte da educação", "pela
defesa da Amazônia e da Zona Franca de Manaus".
"Disse
aos policiais que o que eles estavam fazendo na sede do sindicato era um ato
atípico. E eles responderam que, para eles, o que nós estávamos fazendo é que
era atípico", relata.
Segundo
relato dos professores, os policiais entraram numa das salas do sindicato e
passaram cerca de 30 minutos interrogando sobre o ato e seus organizadores.
"Foram cordiais. Nós dissemos que aquela ação não era normal e que iríamos
falar sobre isso nas nossas redes sociais, e eles riram", declarou Yann.
A
reunião para organização das manifestações contrárias ao governo ocorreu depois
da saída dos policiais.
Também
presente no evento, o professor Gilberto Ferreira, diretor do Sinteam, contou
versão semelhante. "Eles disseram que vieram a mando do Exército
Brasileiro e foram gentis. Nós também", afirmou. O educador classificou o
fato como "um retorno dos momentos que uma manifestação pacífica tem que
estar acuada pelas Forças Armadas".
Procurada,
a assessoria de comunicação do Comando Militar da Amazônia negou que tenha determinado
a diligência no sindicato.
"O
Comando Militar da Amazônia desconhece a realização da suposta reunião, bem
como não reconhece qualquer ordem oriunda de suas Unidades para tal. Cabe
destacar que, o Exército Brasileiro atua com base nos princípios da legalidade,
estabilidade e legitimidade", disse, em nota, a instituição.
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