O senador Humberto Costa afirmou que o
senhor irá buscar lideranças de partidos do centro e da direita em Pernambuco,
incluindo o MDB. O senhor acredita que poderá reunir um amplo número de
lideranças no Estado, mesmo com as resistências que algumas delas têm ao senhor?
Eu vou para Pernambuco para ouvir a população e lideranças políticas e sociais,
para saber da situação do povo de Pernambuco. Ainda é muito cedo para definir
eleições. Queria poder encontrar mais o povo, viajar de ônibus pelo Estado,
como fiz em 2017. Mas, infelizmente, por causa da pandemia, isso não vai ser
possível. Não podemos ser irresponsáveis e promover aglomerações, como tem
feito Bolsonaro. Olha, nós temos que ouvir e conversar também com quem não
concorda com a gente, isso faz parte da democracia. Nos últimos anos, a
política brasileira tem sido marcada pela intolerância, pela falta de diálogo e
isso só tem piorado a situação do País e do povo. Ninguém está definindo
alianças eleitorais nesse momento. Não é ano de eleição, o País está em um momento
difícil, a pandemia ainda não acabou, a inflação está alta, o de- semprego
terrível, muita gente passando fome. E um presidente completamente
desequilibrado, vivendo no mundo dele de men- tiras, enquanto governadores,
prefeitos, lideranças responsá- veis tentam fazer o que podem.
Como o senhor vê a crise institucional
entre o presidente Jair Bolsonaro e ministros do STF? O senhor vê a
possibilidade de uma ruptura institucional nas próximas eleições?
Eu
não acredito que há espaço para uma ruptura institucional. O Bolsonaro é um
acidente de percurso na nossa democracia. Ele não tem noção, vocação,
equilíbrio ou capacidade de ser presidente da República. É um sujeito que passa
o dia inteiro espalhando mentiras. Ele é a própria crise institucional. Mas ele
vai passar. O Bolsonaro não será derrotado por um partido ou um outro
candidato. Será derrotado pelo povo brasileiro, que vai corrigir esse acidente.
Como o senhor vê o discurso de Bolsonaro
de que não haverá eleição se não houver voto impresso? Qual a sua opinião sobre
o voto impresso?
O
Bolsonaro é covarde, ele só inventou isso porque sabe que não tem como ganhar
as eleições depois do desastre que é seu governo para o povo brasileiro. Ele
foi o pior presidente do mundo no enfrentamento da Covid-19. O Brasil tem 2.7%
da população do mundo e 13% das mortes por Covid, quatro vezes mais que a média
mundial. Atrasou a compra de vacinas que poderiam ter salvado vidas, espalhou
mentiras sobre remédios que não funcionam, atrapalhou prefeitos e governadores,
deu mau exemplo o tempo todo. Ele está destruindo a cultura brasileira, a
ciência brasileira, não apoia a agricultura familiar. A Petrobrás está fechando
ou vendendo toda a sua presença no Nordeste. A imagem do Brasil no exterior
está no fundo do poço. Aí, ao invés de governar e cuidar do povo brasileiro,
ele inventou essa bobagem. Há 20 anos que tem eleição no Brasil para todos os
cargos pela urna eletrônica. Os mesários imprimem o resultado de cada sala,
todo mundo fiscaliza. Ele elegeu os filhos todos na urna eletrônica, não?
Agora, que ele vai perder, resolveram inventar isso. Ele vive de mentira em
mentira, enquanto o povo brasileiro luta para colocar comida na mesa. PSB e PT
travaram uma intensa disputa nas eleições municipais de 2022.
Após isso, o senhor acredita que PT e
PSB podem estar no mesmo palanque em 2022 inclusive com o prefeito João Campos?
O
PT e o PSB em Pernambuco estiveram juntos em 2018, na eleição de Paulo Câmara,
que venceu no primeiro turno, e foi uma aliança importante para Pernambuco
e para o Brasil. Também foi em Pernambuco, em 2006, na primeira eleição de
Eduardo Campos, quando o PT tinha candidato, mas as duas chapas estavam juntas
na campanha presidencial, chegamos a fazer comícios juntos, com o acordo de
ninguém vaiar o outro candidato, com todo mundo respeitando a bandeira um do
outro. Depois, no segundo turno, estivemos juntos também em Pernambuco. Eu
tenho muito orgulho de que consegui ajudar Pernambuco em parceria com Eduardo
Campos, pelo desenvolvimento do Estado, com Suape, a construção de uma
refinaria, duplicação de rodovias, a ampliação dos aeroportos, investimentos
sociais, construção de cisternas, campus universitários e Institutos Federais
de Ensino. Todo o desenvolvimento industrial, geração de empregos que nosso trabalho
trouxe para Pernambuco. Eu fico pensando a dificuldade que os governadores
devem ter em dialogar com Bolsonaro. Eu acho que em algum momento, no
primeiro ou segundo turno, todos os democratas estarão no mesmo palanque contra
esse projeto de destruição do Brasil.
O senador Humberto Costa esteve ao lado
do presidente estadual do PDT, Wolney Queiroz, em Pernambuco, em nome de uma
aliança antiBolsonaro. O senhor acredita que esse diálogo entre PDT e PT pode
evoluir nacionalmente?
Há
bastante diálogo entre as fundações do PT e do PDT sobre políticas públicas, há
diálogo entre as bancadas no Congresso. Vários partidos têm tomados iniciativas
conjuntas no que concordam, e no que discordam cada um toma seu caminho. É uma
coisa meio simples de dizer, mas parece que nesses últimos anos o país se
desacostumou a dialogar, a conversar de forma civilizada e respeitar as
discordâncias. Eu sempre acredito.
Da Folha de Pernambuco
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