É a primeira mobilização desde que um superpedido de impeachment foi
protocolado na Câmara dos Deputados, na última quarta-feira (30), e após novas
denúncias de corrupção na compra de vacinas contra a Covid-19 pressionarem o
governo Bolsonaro.
Os
atos foram preparados às pressas, depois que as organizações que puxam a
iniciativa decidiram antecipar a mobilização. Até então, o ato seguinte seria
em 24 de julho, mais de um mês depois do protesto de 19 de junho. A
manifestação do dia 24, no entanto, está mantida.
No
Rio, manifestantes se concentraram no centro a partir do final da manhã e
ocuparam três das quatro faixas da avenida Presidente Vargas.
Em
clima tranquilo, gritavam palavras de ordem como Fora, Bolsonaro. A maioria dos
participantes usava máscara, mas era menor a parcela dos que optaram pelo tipo
PFF2, citada na convocação do ato anterior. Camisetas de apoio ao ex-presidente
Luiz Inácio Lula da Silva (PT) eram vendidas no ato carioca.
No
Recife, palco de forte repressão policial no protesto de 29 de maio, o ato
transcorreu sem incidentes até o início da tarde.
Além de pedir o impeachment de Bolsonaro, os manifestantes na capital
pernambucana empunhavam cartazes pedindo a aceleração da vacinação contra a
Covid. Uma das faixas exibia a mensagem "Ninguém aguenta mais! Fora
Bolsonaro e seus generais".
Em
Maceió, manifestantes carregaram um caixão no ato contra Bolsonaro. Uma faixa
foi estendida com dizeres "Fora Bolsonaro. Por vacina no braço e comida no
prato".
Sob
chuva, os participantes do ato na capital alagoana utilizaram máscaras e, na
marcha pelas ruas, fizeram fila indiana para manter distanciamento e evitar a
propagação do novo coronavírus.
Manifestantes
também foram às ruas de Ribeirão Preto (SP) neste sábado pedindo impeachment,
vacinação em massa e a não privatização dos Correios. Eles utilizaram máscaras
e ao menos um voluntário distribuía álcool em gel, mas houve aglomerações em
alguns momentos.
Em
Campinas (SP) e em Franca (SP), grupos saíram em passeata pelas ruas, enquanto
em Tatuí (SP) os manifestantes fizeram uma carreata com centenas de veículos
decorados com balões e bandeiras, a maioria na cor vermelha.
As
manifestações são convocadas por movimentos sociais e partidos de esquerda, que
têm buscado ampliar a adesão de alas da direita e do centro contrárias a
Bolsonaro. Embora não seja a posição majoritária, parte dos líderes resiste à
entrada de novas cores ideológicas.
Um
superpedido de impeachment foi protocolado na Câmara por iniciativa de PT, PDT,
PSB, PC do B e PSOL, além de ex-bolsonaristas como os deputados Alexandre Frota
(PSDB-SP) e Joice Hasselmann (sem partido-SP) e de outros movimentos da
sociedade civil.
A
bandeira "fora, Bolsonaro" se mantém como a principal das
manifestações, ao lado dos pleitos por mais vacinas contra a Covid e por
auxílio emergencial de R$ 600. As suspeitas de corrupção que vieram à tona nos
últimos dias vão engrossar a lista de pautas.
Os
organizadores atribuem a diminuição no número de atividades ao prazo curto que
tiveram para preparar a nova rodada. De maio para junho, a quantidade de atos
tinha quase dobrado. A expectativa é que, ao menos nas maiores capitais, o
volume de participantes, na casa dos milhares, seja mantido.
Partidos
como o PT do ex-presidente Lula –hoje o maior adversário de Bolsonaro para as
eleições de 2022–, o PSOL e o PC do B estão envolvidas na organização desde
maio, em conjunto com frentes como a Povo sem Medo, a Brasil Popular e a
Coalizão Negra por Direitos, que reúnem centenas de entidades.
No
lado dos mobilizadores, uma das principais novidades foi a entrada do diretório
municipal de São Paulo do PSDB, anunciada ao longo da semana por seu
presidente, Fernando Alfredo. O diretório nacional do partido, no entanto,
manteve a decisão de não participar ativamente da convocação.
A
situação se repete em outras legendas, que também têm movimentos internos e
instâncias locais envolvidas na mobilização, mas no plano nacional adotaram
posição de neutralidade, alertando para os riscos de aglomerações em meio à
pandemia e deixando a adesão a critério dos filiados.
Setores
ou dirigentes de siglas como PSL, PV e Avante decidiram endossar os atos, uma
novidade em relação a junho. Já estavam nessa situação: PDT, PSB e Rede
Sustentabilidade. O Cidadania é o único partido mais ao centro que decidiu, em
ato do presidente nacional, Roberto Freire, apoiar os protestos.
A
avaliação geral é a de que o presidente da República perdeu de vez um
fundamento estruturante de seu discurso, o de que seu governo não tinha casos
de corrupção –embora a tese já fosse contestada a partir de investigações de
ministros e de filhos por suspeitas da prática de "rachadinha".
Grupos
à direita, como o MBL (Movimento Brasil Livre) e o VPR (Vem Pra Rua), que
capitanearam manifestações contra governos do PT e em favor da Operação Lava
Jato, até aqui se mantêm fora da convocação, apesar de assinarem pedidos de
impeachment de Bolsonaro.
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