Em
entrevista ao programa Conversa com Bial, da Globo, exibida nesta quarta-feira
(16), Huck repetiu a justificativa de que nunca lançou candidatura, embora ele
e aliados se movessem nessa direção nos bastidores. O comunicador já tinha sido
cotado como presidenciável nas eleições de 2018.
"Eu
nunca me lancei candidato a nada, então eu não estaria retirando candidatura a
nada, porque eu nunca lancei candidatura", disse ao apresentador Pedro
Bial.
"Eu
não saio mais do debate público. Vou estar no debate público para sempre. Gosto
desta arena, do debate das ideias. Acho que a gente tem que que superar o que
tanto nos atrapalha hoje em dia, que é essa divisão do país, essa polarização,
essa raiva que se criou entre quem pensa diferente", acrescentou.
O
titular do Caldeirão do Huck falou que sua intenção de contribuir para "um
país mais justo" poderá ser cumprida a partir do ano que vem com a
migração para o horário nobre da emissora aos domingos. Ele assumirá a faixa do
Domingão do Faustão, após a saída de Faustão no fim deste ano.
"Tenho
certeza que eu posso contribuir muito para o país estando nos domingos da Globo
e fazendo um programa que se conecte com as pessoas, que ouça as pessoas, que
traga a esperança de volta e resgate nossa autoestima. Mas isso não quer dizer
que eu esteja fora do debate público", reforçou.
O
recuo simboliza um abalo no conjunto de partidos e forças políticas que tentam
fabricar uma terceira via no autodenominado centro (ou "centro
democrático") para as eleições de 2022, hoje polarizadas entre o
postulante à reeleição, Jair Bolsonaro (sem partido), e o ex-presidente Lula
(PT).
O
apresentador, que está engajado na articulação de uma alternativa aos dois
polos, apareceu com 4% das intenções de voto em pesquisa Datafolha de maio, bem
atrás do petista, que liderou, com 41%, e de Bolsonaro, o segundo colocado, com
23%.
Questionado
por Bial se descarta a possibilidade de ser candidato a presidente no futuro,
Huck respondeu: "Pedro, o futuro a Deus pertence. Eu nunca tive medo de nenhum
desafio na minha vida. E eu quero contribuir".
Sem
mencionar pré-candidatos ao Planalto, Huck se esquivou de perguntas mais
específicas sobre análise de cenário, sob a justificativa de que não é hora de
debater o pleito ou nomes, mas ideias. "Dar nome aos bois seria fulanizar
as soluções dos problemas. É jogar o debate numa vala mais rasa."
"O
Brasil precisa de projeto. Como é que alguém pode querer ser candidato a
presidente da República em qualquer tempo se não tem projeto, se não sabe o que
vai fazer?", afirmou ele, que se opõe ao governo Bolsonaro, mas sofre
críticas por ter feito declarações que sugeririam seu apoio ao então candidato.
Huck
revelou a Bial ter votado em branco em 2018. "Acho que naquela
circunstância é o que eu deveria ter feito e fiz com bastante
tranquilidade", disse, sobre o embate entre Bolsonaro e Fernando Haddad
(PT).
"Dos
dois candidatos que se apresentavam naquela época, eu não me sentia
representado por nenhum dos dois. E achei melhor votar em branco. Foi o que eu
fiz. Eu não me arrependo, eu votei em branco e votaria em branco de novo."
Na
sequência, contudo, e sem citar nomes, deu a entender que agiria diferente
perante um novo dilema. "Neste momento, a gente não está falando sobre A
ou B, sicrano ou beltrano. A gente está falando sobre quem defende a democracia
e quem ataca a democracia. [...] Eu estarei sempre, em qualquer tempo, do lado
da democracia."
O
apresentador, que se descreveu como "um cara que não está na
política", comentou ainda a desistência da candidatura em 2018. Para ele,
não seria um gesto responsável entrar na disputa naquela vez.
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