O
responsável pela denúncia de um esquema de "rachadinha" de
salários entre servidores, um pastor, um deputado estadual e uma vereadora
do Recife prestou depoimento ao Ministério Público de Pernambuco
(MPPE) na terça-feira (8). Segundo o advogado do denunciante, o homem sofreu
chantagem para não falar com os promotores.
"[Agora]
não está acontecendo, porque aí vai ser uma situação que pode ser tipificada
como crime. Antes ele sofreu, mas depois que a gente denunciou eles não
procuraram mais", afirma o advogado Luiz Miguel dos Santos.
Segundo
o defensor, as chantagens foram gravadas por meio de áudios. "Tentaram de
todo jeito calar o meu cliente e outras pessoas. Vieram ao meu escritório
assessores da vereadora Aimée [Carvalho] e ficou gravado que eles tentaram
calar o servidor para que ele não denunciasse", conta.
No
registro do depoimento prestado ao MPPE, houve uma tentativa de reprodução de
um áudio que, segundo o advogado, o deputado Adalto Santos (PSB) pede que o
caso não seja denunciado. A gravação está inaudível, segundo a ata do
Ministério Público.
"É
um áudio em que o deputado pede por tudo para o meu cliente não fazer a
denúncia. Ele sabe que essa conversa é extremamente comprometedora",
afirma.
No
documento de registro do depoimento, a que o G1 teve acesso, o
denunciante, que pediu para não ter o nome divulgado, alega que trabalhou no
gabinete do então vereador do Recife André Ferreira, entre os anos de 2003 e
2004. Por isso, foi convidado a assumir o cargo de assessor parlamentar.
Em
2010, o denunciante disse ter sido convidado pelo pastor Ailton José Alves,
líder da Assembleia de Deus, para trabalhar no Projeto Cidadania, que
"seria criado para o lançamento de candidaturas políticas da Assembleia de
Deus em Pernambuco", segundo consta no documento do MPPE.
Na
denúncia, o homem afirmou ter aceito o convite por "pretender subir na
escala hierárquica' da Assembleia de Deus. A convite do pastor Ailton Alves, o
denunciante diz ter ido trabalhar no Templo Central da Assembleia de Deus, no
Recife.
Ao
ouvir a proposta, o denunciante alegou ao MPPE que "perguntou ao deputado
sobre a regularidade dessa nomeação e o mesmo afirmou 'que não se preocupasse,
pois nem precisaria ir por lá'".
O
fato aconteceu em 2011 e, depois de um ano, o responsável pela denúncia tomou
conhecimento de que seria exonerado do cargo de assessor parlamentar,
"pois temia que algo fosse descoberto".
No
depoimento, o denunciante também afirma que "a candidatura da vereadora
Aimeé Silva de Carvalho (PSB) também faz parte do Projeto Cidadania" e que
a esposa dele também teria participado do mesmo esquema. Segundo
o MP, a defesa tem cinco dias úteis para apresentar vínculos empregatícios do
homem com as instituições citadas na denúncia. Do G1
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