quarta-feira, 9 de outubro de 2019

Homem que denunciou 'rachadinha' com deputado e vereadora sofreu chantagem para não depor

               O responsável pela denúncia de um esquema de "rachadinha" de salários entre servidores, um pastor, um deputado estadual e uma vereadora do Recife prestou depoimento ao Ministério Público de Pernambuco (MPPE) na terça-feira (8). Segundo o advogado do denunciante, o homem sofreu chantagem para não falar com os promotores.

"[Agora] não está acontecendo, porque aí vai ser uma situação que pode ser tipificada como crime. Antes ele sofreu, mas depois que a gente denunciou eles não procuraram mais", afirma o advogado Luiz Miguel dos Santos.

Segundo o defensor, as chantagens foram gravadas por meio de áudios. "Tentaram de todo jeito calar o meu cliente e outras pessoas. Vieram ao meu escritório assessores da vereadora Aimée [Carvalho] e ficou gravado que eles tentaram calar o servidor para que ele não denunciasse", conta.

No registro do depoimento prestado ao MPPE, houve uma tentativa de reprodução de um áudio que, segundo o advogado, o deputado Adalto Santos (PSB) pede que o caso não seja denunciado. A gravação está inaudível, segundo a ata do Ministério Público.

"É um áudio em que o deputado pede por tudo para o meu cliente não fazer a denúncia. Ele sabe que essa conversa é extremamente comprometedora", afirma.

No documento de registro do depoimento, a que o G1 teve acesso, o denunciante, que pediu para não ter o nome divulgado, alega que trabalhou no gabinete do então vereador do Recife André Ferreira, entre os anos de 2003 e 2004. Por isso, foi convidado a assumir o cargo de assessor parlamentar.

Em 2010, o denunciante disse ter sido convidado pelo pastor Ailton José Alves, líder da Assembleia de Deus, para trabalhar no Projeto Cidadania, que "seria criado para o lançamento de candidaturas políticas da Assembleia de Deus em Pernambuco", segundo consta no documento do MPPE.

Na denúncia, o homem afirmou ter aceito o convite por "pretender subir na escala hierárquica' da Assembleia de Deus. A convite do pastor Ailton Alves, o denunciante diz ter ido trabalhar no Templo Central da Assembleia de Deus, no Recife.

Ao ouvir a proposta, o denunciante alegou ao MPPE que "perguntou ao deputado sobre a regularidade dessa nomeação e o mesmo afirmou 'que não se preocupasse, pois nem precisaria ir por lá'".

O fato aconteceu em 2011 e, depois de um ano, o responsável pela denúncia tomou conhecimento de que seria exonerado do cargo de assessor parlamentar, "pois temia que algo fosse descoberto".

No depoimento, o denunciante também afirma que "a candidatura da vereadora Aimeé Silva de Carvalho (PSB) também faz parte do Projeto Cidadania" e que a esposa dele também teria participado do mesmo esquema. Segundo o MP, a defesa tem cinco dias úteis para apresentar vínculos empregatícios do homem com as instituições citadas na denúncia. Do G1



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