O
presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), Dias Toffoli, surpreendeu os
caminhoneiros autônomos e suspendeu o julgamento que aconteceria na próxima
quarta-feira (4) sobre a constitucionalidade da tabela que prevê pisos mínimos
para o frete.
O
julgamento era considerado uma data decisiva para o grupo, que vinha
negociando, sem sucesso, uma nova tabela com o governo após a anterior, que foi
considerada com valores baixos pela categoria, ter sido suspensa em julho.
Líderes
da categoria procurados pela reportagem tiveram opiniões divergentes sobre os
próximos passos após a suspensão do julgamento.
Marconi
França, líder de Recife (PE) e que foi informado por telefone da pelo ministro
Tarcísio de Freitas da decisão de suspender a tabela, disse defender uma
paralisação na próxima quarta. Ele diz acreditar que o adiamento ocorreu porque
a tabela seria considerada constitucional.
"Acredito
que querem nos chamar para um acordo novamente. Mas não vai existir mais acordo
coletivo. Vamos manter a pegada, e, no dia 4, vamos amanhecer com o Brasil
parado", disse França.
Nos
grupos de WhatsApp da categoria, há mensagens de caminhoneiros propondo
paralisação a partir da próxima segunda-feira (2).
Já
Nelson Junior, o Carioca, de Barra Mansa (RJ), diverge sobre como a categoria
deve proceder. Segundo ele, o adiamento ocorreu porque, muito provavelmente, a
tabela seria considerada inconstitucional, o que revoltaria os caminhoneiros e
poderia gerar uma greve.
Com
isso, a categoria deve voltar para a mesa de negociações com o governo e o
setor privado, diz o caminhoneiro. O STF ainda não tem previsão para uma nova
data de julgamento.
O
adiamento da corte repercutiu no setor do agronegócio. Para a Abiove
(Associação Brasileira da Indústria de Óleos Vegetais), o baixo desempenho do
PIB (Produto Interno Bruto) e a retração do setor do agronegócio em 0,4%
anunciada nesta quinta-feira (29) pelo IBGE é reflexo da pressão sobre o setor
produtivo, que sente os efeitos do tabelamento do preço do frete.
De
acordo com André Nassar, presidente da Abiove, a paralisação dos caminhoneiros
em maio de 2018 ainda interfere na retomada de crescimento econômico. "O
tabelamento do frete é um impeditivo porque criou um cenário de insegurança
jurídica e elevou os custos operacionais, comprometendo a geração de emprego e
renda em nosso país", disse ele.
Em
nota, a associação disse ser "impossível tornar o Brasil mais eficiente
com essa distorção no nosso mercado de transportes".
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