A Pesquisa
Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua, divulgada pelo IBGE no
último dia 15, mostra que a recessão, vivida a partir de 2014, deixou sequelas
que só o tempo e os investimentos que ele pode trazer vão sanar. Em 2012, o
Brasil tinha 32,93 milhões de empregados da iniciativa privada com carteira
assinada. O número passou a 36,61 milhões dois anos depois e, no último
trimestre de 2018, estes trabalhadores eram 32,99 milhões. Não
bastasse a diferença negativa, há o agravante do aumento da força de trabalho
que, entre 2017 e 2018, ganhou mais 778 mil pessoas.
“Houve um grande desarranjo no mercado de trabalho, tivemos uma precarização do emprego nos últimos cinco anos, com aumento da informalidade e de mão de obra subutilizada. Milhões de pessoas ficaram desempregadas, enquanto a força de trabalho e a população estão aumentando. A economia tem que crescer não apenas para reempregar quem perdeu o posto, mas para absorver quem está entrando no mercado”, comenta o também economista e sócio-diretor da Ceplan, Jorge Jatobá, ex-secretário da Fazenda de Pernambuco.
Em Pernambuco, os resultados do Caged de 2018 são ainda mais impactantes. O saldo entre trabalhadores demitidos e admitidos no mercado formal saiu do vermelho de -6.498 de 2017 para 2.023 no ano passado - muito pouco em relação às necessidades dos seus 651 mil desempregados, volume que resultou de uma baixa de 16,7% para 15,5% na taxa de desemprego, segundo a Pnad Contínua, divulgada no mês passado.
“Pernambuco
teve um crescimento pífio do emprego formal, com saldo de 2.023 postos, apenas
0,38% do que foi gerado no País no ano passado”, aponta Jorge Jatobá. Com
uma economia centrada em serviços, que representa 65% do seu Produto
Interno Bruto (PIB), o Estado sofreu queda de 1% no setor em 2018 e mais
ainda com a redução de 7,3% nos serviços de administração técnica e
profissional, que refletem a baixa de -3.800 empregos na indústria de
transformação e de -1.631 na construção.
“A
construção tem dificuldades porque depende muito de contratações pelo governo e
investimentos em infraestrutura , além das incorporações imobiliárias que
reduziram muito os lançamentos de imóveis. As perdas de vagas na construção são
consecutivas nos últimos cinco anos”, ressalta.
O baixo
nível de emprego no Estado se confronta com uma reação positiva à crise e à
recessão representada pelo crescimento do PIB de 2,2% até o terceiro
trimestre de 2018 em relação ao mesmo período de 2017. As explicações para esta
incoerência, segundo Jorge Jatobá, passam por três hipóteses importantes.
A primeira é que as novas empresas que vieram para Pernambuco são altamente
automatizadas, robotizadas, com vasta inovação tecnológica e alta produtividade
no trabalho, “gerando muito valor agregado com poucos empregos”. A segunda é
que quem sobreviveu à crise passou por processos de enxugamento, de inovação e
saiu dela empregando menos do que antes e, finalmente, pelo peso do Estado como
condutor da empregabilidade. Da Folhape.
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