Estela e Sonia foram as primeiras cubanas a chegarem à Arcoverde pelo Mais Médicos |
Algumas
unidades de saúde de Arcoverde e de vários municípios que compõem a Regional de
Saúde com sede na cidade deverão ser atingidas pela saída dos médicos cubanos
do Programa Mais Médico do País como anunciou hoje o governo de Cuba em
protesto contra o presidente eleito do Brasil, Jair Bolsonaro (PSL).
Os
primeiros médicos cubanos chegaram à Arcoverde em dezembro de 2013. Na época as
médicas Estela Flores e Sônia Mendonça chegaram para atuar nos postos de Saúde
da Família do Alto Cardeal e de Aldeia Velha, na zona rural do município. Elas faziam parte de um grupo de seis (06) profissionais solicitados. Em
outubro de 2017 o município recebeu suas últimas profissionais do Programa Mais
Médico. Não há informações precisas no site da prefeitura de quantos
profissionais do programa atuam hoje em Arcoverde.
A
decisão do governo cubano de retirar seus mais de 8,5 mil profissionais de
medicina do Brasil foi explicada em uma nota oficial. Diz a nota:
“O
presidente eleito do Brasil, Jair Bolsonaro, com referências diretas,
depreciativas e ameaçadoras à presença de nossos médicos, declarou e reiterou
que modificará os termos e condições do Programa Mais Médicos, com desrespeito
à Organização Pan-Americana da Saúde e ao acordo desta com Cuba, ao questionar
a preparação de nossos médicos e condicionar sua permanência no programa à
revalidação do título e como única forma de se contratar individualmente”, diz
o texto do Ministério da Saúde cubano.
“Nestes
cinco anos de trabalho, cerca de 20 mil MÉDICOS cubanos atenderam mais
de 113 milhões de pacientes, em mais de 3.600 municípios, chegando a
cobrir, com eles, um universo de até 60 milhões de brasileiros, na época em que
constituíam 88% de todos os médicos participantes do programa. Mais de 700
municípios tiveram um médico pela primeira vez na história”, diz o documento.
Um
levantamento feito em 2015 apontava que na sexta Regional de Saúde (VI Geres)
com sede em Arcoverde, existiam 50 médicos do Programa Mais Médicos.
O
Projeto Mais Médicos foi lançado em julho de 2013 pela ex-presidente Dilma
Rousseff (PT) com o objetivo de ampliar o numero de médicos nas regiões de
maior vulnerabilidade social, particularmente nos pequenos municípios,
municípios da região Norte (Amazônia) e nas periferias das grandes cidades de
todo o País.
Diferente
do que se pregava nas fake news e campanhas eleitoras, o “Programa Mais Médicos”
prioriza em sua seleção no primeiro item “os médicos formados em instituições
de ensino superior brasileiras”. Somente após a sobra de vagas não ocupadas
pelos brasileiros, elas eram destinadas aos médicos estrangeiros, não apenas
cubanos.
Com
aprovação de 94% dos usuários, de acordo com uma pesquisa da Universidade
Federal de Minas Gerais (UFMG), e recomendado por um estudo
da ONU, os cubanos eram a principal força do programa com mais de 8,5 mil profissionais.
Do total de 17.071, há 5.247 brasileiros e 3.271 de outras nacionalidades,
segundo o Ministério da Saúde.
A
decisão do futuro presidente de fazer nova convocação para médicos fazerem
parte do “Programa Mais Médicos”, não deve mudar muito a realidade do País,
muito pelo contrário, porque os atuais médicos cubanos começarão a ir embora
e somente no ano que vem os novos médicos brasileiros se habilitarão as essas
vagas. Resta saber se vão ocupar as vagas nas pequenas cidades, distritos e
sítios dos municípios sertanejos e da região Norte.
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