Os
presidenciáveis Jair Bolsonaro (PSL) e Fernando Haddad (PT)
não pouparam ataques no primeiro programa da campanha eleitoral
do segundo turno no rádio e na TV nesta sexta-feira (12).
Enquanto a estratégia de Bolsonaro, sem discurso claro, foi associar
o PT à Venezuela, a campanha do petista trouxe relatos sobre
a violência praticada pelos seguidores de seu opositor e não
cita Lula.
Voltando
aos tempos da ditadura, o programa de Bolsonaro começa em 1990,
citando a queda do comunismo e narrando a criação do Foro de São
Paulo, chamado de "semente de projeto de doutrinação", com a
participação de Lula, que discursa defendendo que integrantes do grupo
cheguem ao poder. Na sequência, o locutor cita Cuba, classificando o país
como "o mais atrasado do mundo", e a "Venezuela arrasada",
associando o país ao Brasil, que se tornou "um balcão de negócios".
"Vermelho nunca foi a cor do Brasil", destaca a campanha, que passa então a atacar o oponente na disputa, dizendo que o país não pode ser comandado da cadeia, em referência ao ex-presidente Lula, preso em Curitiba desde abril. Na sequência, são ouvidos eleitores de Bolsonaro que se dizem indignados com o fato de o petista ainda interferir no processo eleitoral apesar de preso. Uma mulher que se declara negra e brasileira confirma o voto no candidato.
Deus
é citado num agradecimento aos votos obtidos no primeiro turno e pela vida do
candidato, esfaqueado no início de setembro durante um ato de campanha em Minas
Gerais. Da biografia de Bolsonaro, o destaque foi dado a filha caçula,
Laura, numa tentativa de aproximação do eleitorado feminino. É nesse momento
que surge a fala do capitão reformado, dizendo como a vida mudou após a chegada
da única filha mulher, que aparece dizendo "eu te amo". Em 2017,
o deputado fez piada com o nascimento da menina, dizendo que havia
fraquejado e veio uma mulher.
De arma na mão, Bolsonaro diz em evento no Acre que vai metralhar os petralhas |
Já
a campanha de Haddad começa com um alerta: a democracia está em
risco. O locutor afirma que seguidores de Bolsonaro transformaram o segundo
turno, momento para discutir propostas para o país, em uma onda de
violência e destaca a fala do oponente durante a campanha eleitoral.
"Vamos fuzilar a petralhada toda", diz Bolsonaro. O trecho é
repetido várias vezes na campanha do petista, enquanto se fala sobre ódio, raiva e casos
de violência.
A
morte do capoeirista Moa do Katendê, 53, atingido por 12 facadas de um
apoiador de Bolsonaro após uma discussão sobre política num bar na Bahia,
o desenho de uma suástica, símbolo do nazismo, feito no corpo de uma jovem
e os ataques contra a memória da vereadora do PSOL Marielle Franco foram
citados. Vozes de eleitores também aparecem no programa, destacando que Bolsonaro fere
abertamente os direitos humanos.
"O
que é bacana, o povo de arma na mão, como defende o Bolsonaro,
ou com um livro na mão, como quer o Haddad?", diz o
locutor. Haddad aparece afirmando que sua arma não é o grito, mas
garantir a carteira assinada para o trabalhador. Assim como Bolsonaro, o
petista também cita Deus, agradecendo pelos votos no primeiro turno e pelos
filhos que teve num casamento de 30 anos, tempo destacado na peça.
Diferentemente
do primeiro turno, em que o jingle petista dizia que Haddad é
Lula e ele aparecia destacando as qualidades do candidato, o
ex-presidente não é citado. A campanha adota ainda a estratégia de se descolar
do PT, em busca do apoio dos críticos a sigla. Essa campanha não é de um partido,
mas de todos que querem fazer desse um Brasil melhor", diz.
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