sexta-feira, 22 de agosto de 2025

Mestre Bi cancela show em Arcoverde e expõe crise dos baixos cachês na cultura popular de Pernambuco

Grupo de Nazaré da Mata afirma que despesas para a apresentação superam valor do contrato com o festival "Pernambuco Meu País". Caso gera onda de solidariedade nas redes e denúncias de artistas que precisam "pagar para trabalhar".

Uma das atrações do festival Pernambuco Meu País em Arcoverde, Mestre Bi e a Ciranda Bela Rosa, não se apresentará mais no evento. O grupo, que tinha show marcado para o dia 31 de agosto no palco do distrito de Ipouca, anunciou o cancelamento em um ato que vai além de uma simples mudança na grade: ele expõe uma ferida aberta na cultura popular do estado, a dos baixos cachês pagos aos artistas.

Em um comunicado direto em suas redes sociais - @mestre_bi -, Mestre Bi explicou que a decisão foi puramente financeira e de valorização. “Viemos informar que nosso grupo não irá se apresentar [...], desde 2015 a gente vem numa luta pela valorização da cultura popular e não é viável sair de Nazaré da Mata com despesas altas que o valor da contratação é menor que o valor das despesas”, desabafou o mestre cirandeiro.

A postagem rapidamente se tornou um ponto de encontro para outros artistas e apoiadores da cultura, que compartilharam frustrações semelhantes. O comentário de Antônio Neto resumiu o sentimento de muitos: “É complicado mesmo. O Mamulengo do meu avô foi se apresentar em Salgueiro, no Festival Pernambuco Meu País, mas o custo foi bastante elevado. [...] É pagar pra trabalhar. Nossa solidariedade ao Mestre Bi”.

A fala de Mestre Bi foi classificada por internautas como um "ato de coragem diante de tanta perseguição e desvalorização". A discussão levantada pelo cancelamento transcende o festival em Arcoverde, que acontece entre 29 e 31 de agosto, e coloca em xeque o modelo de contratação e o real apoio oferecido aos mestres e grupos que são a base da identidade cultural de Pernambuco.

“Lamentável essa situação, essa desvalorização… mais fico feliz por ver esse posicionamento, é necessário falar, cobrar e nos unir para que episódios como esse venham a não acontecer”, disse Thays Venâncio.

O caso de Mestre Bi ilustra a difícil equação que muitos artistas populares enfrentam: arcar com os custos de transporte, alimentação, hospedagem e pagamento de equipe com um cachê que, no fim das contas, não cobre os gastos para levar sua arte ao público. 

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