Grupo de Nazaré da Mata
afirma que despesas para a apresentação superam valor do contrato com o
festival "Pernambuco Meu País". Caso gera onda de solidariedade nas
redes e denúncias de artistas que precisam "pagar para trabalhar".
Uma das atrações do festival
Pernambuco Meu País em Arcoverde, Mestre Bi e a Ciranda Bela Rosa, não se
apresentará mais no evento. O grupo, que tinha show marcado para o dia 31 de
agosto no palco do distrito de Ipouca, anunciou o cancelamento em um ato que vai
além de uma simples mudança na grade: ele expõe uma ferida aberta na cultura
popular do estado, a dos baixos cachês pagos aos artistas.
Em um comunicado direto em
suas redes sociais - @mestre_bi -, Mestre Bi explicou que a decisão foi puramente financeira e
de valorização. “Viemos informar que nosso grupo não irá se apresentar
[...], desde 2015 a gente vem numa luta pela valorização da cultura popular e
não é viável sair de Nazaré da Mata com despesas altas que o valor da
contratação é menor que o valor das despesas”, desabafou o mestre
cirandeiro.
A postagem rapidamente se
tornou um ponto de encontro para outros artistas e apoiadores da cultura, que
compartilharam frustrações semelhantes. O comentário de Antônio Neto resumiu o
sentimento de muitos: “É complicado mesmo. O Mamulengo do meu avô foi se
apresentar em Salgueiro, no Festival Pernambuco Meu País, mas o custo foi
bastante elevado. [...] É pagar pra trabalhar. Nossa solidariedade ao Mestre
Bi”.
A fala de Mestre Bi foi
classificada por internautas como um "ato de coragem diante de tanta
perseguição e desvalorização". A discussão levantada pelo
cancelamento transcende o festival em Arcoverde, que acontece entre 29 e 31 de
agosto, e coloca em xeque o modelo de contratação e o real apoio oferecido aos
mestres e grupos que são a base da identidade cultural de Pernambuco.
“Lamentável essa
situação, essa desvalorização… mais fico feliz por ver esse posicionamento, é
necessário falar, cobrar e nos unir para que episódios como esse venham a não
acontecer”, disse Thays Venâncio.
O caso de Mestre Bi ilustra a difícil equação que muitos artistas populares enfrentam: arcar com os custos de transporte, alimentação, hospedagem e pagamento de equipe com um cachê que, no fim das contas, não cobre os gastos para levar sua arte ao público.
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