segunda-feira, 7 de julho de 2025

PF conclui investigação e indica esquema milionário de fraude no programa Leite de Todos em Pernambuco

              Após três anos de investigação, a Polícia Federal em Pernambuco concluiu um inquérito robusto que expõe um esquema bilionário de fraudes no programa social Leite de Todos, mantido com recursos dos governos federal e estadual. A investigação, conduzida pela Delegacia de Combate à Corrupção e Crimes Financeiros (Delecor), resultou no indiciamento de 40 pessoas, entre empresários e servidores públicos, acusadas de integrar uma organização criminosa voltada ao desvio de recursos públicos por meio de contratos fraudulentos, empresas de fachada e adulteração de alimentos.

O esquema criminoso teve como epicentro a COOPEAGRI (Cooperativa dos Pecuaristas e Agricultores de Itaíba), que, segundo a PF, não passava de uma fachada: uma placa fixada numa loja de miudezas pertencente à filha do presidente da entidade. Entre 2014 e 2020, mais de R$ 73 milhões foram repassados à cooperativa pela Secretaria Estadual de Desenvolvimento Agrário. Somente entre 2021 e 2022, os repasses ultrapassaram R$ 22 milhões, parte deles oriunda do extinto Ministério da Cidadania.

Segundo os autos, a organização utilizava recibos falsificados para justificar compras de leite de pelo menos 33 produtores rurais já falecidos. A fraude permitia o repasse contínuo de verbas públicas sob a justificativa de aquisição de leite in natura — o que na prática não ocorria.

Além disso, o produto entregue à população estava adulterado, com adição de soro de leite e substâncias químicas como citrato e dióxido de titânio, para reduzir custos. A PF aponta que a prática colocava em risco a saúde dos beneficiários, especialmente crianças e pessoas em situação de vulnerabilidade alimentar — público-alvo do programa.

A empresa Natural da Vaca Alimentos LTDA, localizada em Gravatá, no Agreste do Estado, aparecia como a principal executora do contrato, recebendo quase a totalidade dos valores. Segundo a PF, era ali que o leite era processado e adulterado antes de ser distribuído.

Entre os principais indiciados, estão:

Paolo Avallone, empresário e proprietário da Natural da Vaca Alimentos LTDA, apontado como um dos chefes do esquema;

Francisco Garcia Filho, empresário com vínculos com a Planus Administração e Participações, também apontado como líder da organização;

Severino Pereira da Silva, presidente da COOPEAGRI.

A investigação teve início a partir de relatório de fiscalização do Tribunal de Contas do Estado (TCE-PE), que, ainda em 2020, identificou indícios de desvio de R$ 8,5 milhões apenas naquele ano. A partir desse ponto, a Polícia Federal aprofundou as apurações, identificando uma teia de corrupção complexa e estruturada que atravessou diferentes gestões e envolveu agentes públicos e privados.

A Polícia Federal agora aguarda manifestação do Ministério Público Federal, que decidirá sobre o oferecimento de denúncia formal à Justiça. Se condenados, os envolvidos poderão responder por organização criminosa, peculato, falsificação de documentos, fraude em licitação e crime contra a saúde pública. 

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