O esquema criminoso teve
como epicentro a COOPEAGRI (Cooperativa dos Pecuaristas e Agricultores de
Itaíba), que, segundo a PF, não passava de uma fachada: uma placa fixada numa
loja de miudezas pertencente à filha do presidente da entidade. Entre 2014 e
2020, mais de R$ 73 milhões foram repassados à cooperativa pela Secretaria
Estadual de Desenvolvimento Agrário. Somente entre 2021 e 2022, os repasses
ultrapassaram R$ 22 milhões, parte deles oriunda do extinto Ministério da
Cidadania.
Segundo os autos, a
organização utilizava recibos falsificados para justificar compras de leite de pelo
menos 33 produtores rurais já falecidos. A fraude permitia o repasse contínuo
de verbas públicas sob a justificativa de aquisição de leite in natura — o que
na prática não ocorria.
Além disso, o produto
entregue à população estava adulterado, com adição de soro de leite e
substâncias químicas como citrato e dióxido de titânio, para reduzir custos. A
PF aponta que a prática colocava em risco a saúde dos beneficiários,
especialmente crianças e pessoas em situação de vulnerabilidade alimentar —
público-alvo do programa.
A empresa Natural da Vaca
Alimentos LTDA, localizada em Gravatá, no Agreste do Estado, aparecia como a
principal executora do contrato, recebendo quase a totalidade dos valores.
Segundo a PF, era ali que o leite era processado e adulterado antes de ser
distribuído.
Entre os principais
indiciados, estão:
Paolo Avallone, empresário e
proprietário da Natural da Vaca Alimentos LTDA, apontado como um dos chefes do
esquema;
Francisco Garcia Filho,
empresário com vínculos com a Planus Administração e Participações, também
apontado como líder da organização;
Severino Pereira da Silva,
presidente da COOPEAGRI.
A investigação teve início a
partir de relatório de fiscalização do Tribunal de Contas do Estado (TCE-PE),
que, ainda em 2020, identificou indícios de desvio de R$ 8,5 milhões apenas
naquele ano. A partir desse ponto, a Polícia Federal aprofundou as apurações,
identificando uma teia de corrupção complexa e estruturada que atravessou
diferentes gestões e envolveu agentes públicos e privados.
A Polícia Federal agora aguarda manifestação do Ministério Público Federal, que decidirá sobre o oferecimento de denúncia formal à Justiça. Se condenados, os envolvidos poderão responder por organização criminosa, peculato, falsificação de documentos, fraude em licitação e crime contra a saúde pública.
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