Durante 21 anos, o Brasil
viveu sob um regime autoritário que perseguiu opositores políticos, censurou a
imprensa e violou direitos humanos. Estima-se que centenas de pessoas tenham
sido mortas ou desaparecidas durante esse período, além de milhares de presos
políticos e exilados. Em Pernambuco, os militares depuseram o então governador
Miguel Arraes, que não aceitava o autoritarismo e terminou sendo exilado na Argélia,
retornando somente em 1979 após a Lei da Anistia.
A eleição indireta de Tancredo Neves foi um marco no fim da ditadura. Apoiado por uma ampla frente democrática, Tancredo venceu Paulo Maluf, candidato do regime, e prometeu acabar com leis autoritárias e convocar uma Assembleia Constituinte. No entanto, ele faleceu antes de assumir o cargo, e José Sarney, seu vice e antigo aliado da ditadura, assumiu a presidência. Isso garantiu uma transição controlada, mantendo parte da estrutura do regime militar ainda ativa. Apesar de toda a pressão, Sarney convocou a Assembleia Constituinte e em 1988 o Brasil ganhou a sua Constituição Cidadã, tendo como grande expoente o então deputado federal Ulisses Guimarães.
Um dos marcos fundamentais
dessa reconstrução democrática foi a realização da primeira eleição direta para
presidente da República, em 1989. Após 29 anos sem que o povo brasileiro
pudesse escolher diretamente seu chefe de Estado, a disputa foi polarizada
entre Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Fernando Collor de Mello (PRN). Collor
acabou vencendo no segundo turno, tornando-se o primeiro presidente eleito
democraticamente após o regime militar. Seu governo, no entanto, foi marcado
por crises e terminou em impeachment em 1992.
Mesmo com os avanços
conquistados nas últimas décadas, a democracia brasileira sofreu uma de suas
maiores ameaças recentes com a tentativa de golpe planejada para manter
Bolsonaro no poder após sua derrota em 2022. O episódio relembrou momentos de
instabilidade da história do país e ressaltou a importância da vigilância
democrática para evitar retrocessos. O caso ganha novos capítulos no próximo
dia 25 de março, seis dias antes da data do famigerado golpe militar de 31 de
março, quando o Supremo Tribunal Federal vai decidir se Jair Bolsonaro e outras
sete pessoas se tornam réus e serão julgados pela tentativa de golpe.
Nestes 40 anos, o Brasil
provou a resiliência de seu sistema democrático, mas a necessidade de preservar
a liberdade e o respeito às instituições permanece um desafio constante. A
história mostra que conquistas democráticas não são garantidas – é preciso
defendê-las diariamente.
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