“Manifestações do titular da
chancelaria do governo Netanyahu, de ontem e de hoje, são inaceitáveis na forma
e mentirosas no conteúdo. Uma Chancelaria dirigir-se dessa forma a um chefe de
Estado, de um país amigo, o presidente Lula, é algo insólito e revoltante. Uma
Chancelaria recorrer sistematicamente à distorção de declarações e a mentiras é
ofensivo e grave. É uma vergonhosa página da história da diplomacia de Israel,
com recurso a linguagem chula e irresponsável”, criticou vieira.
Segundo Vieira, a atitude
não teria adesão dos israelenses.
“Estou seguro de que a
atitude do governo Netanyahu e sua antidiplomacia não refletem o sentimento da
sua população. O povo israelense não merece essa desonestidade, que não está à
altura da história de luta e de coragem do povo judeu. Em mais de 50 anos de
carreira, nunca vi algo assim”, disse.
“Nossa amizade com o povo
israelense remonta à formação daquele Estado, e sobreviverá aos ataques do
titular da chancelaria de Netanyahu. O ministro Israel Katz distorce posições
do Brasil para tentar tirar proveito em política doméstica. Enquanto atacou o
nosso país em público, no mesmo dia, na conversa privada com nosso embaixador
em Tel Aviv, afirmou ter grande respeito pelos brasileiros e pelo Brasil, que
definiu como a mais importante nação da América do Sul. Esse respeito não foi
demonstrado nas suas manifestações públicas, pelo contrário”, prosseguiu o
chanceler.
Segundo o chanceler, o
objetivo da ação de Katz seria criar uma cortina de fumaça.
“Além de tentar semear
divisões, busca aumentar sua visibilidade no Brasil para lançar uma cortina de
fumaça que encubra o real problema do massacre em curso em Gaza, onde 30 mil
civis palestinos já morreram, em sua maioria mulheres e crianças, e a população
submetida a deslocamento forçado e a punição coletiva. Isso tem levado ao
crescente isolamento internacional do governo Netanyahu, fato refletido nas
deliberações em andamento na Corte Internacional de Justiça. É este isolamento
que o titular da chancelaria israelense tenta esconder. Não entraremos nesse
jogo. E não deixaremos de lutar pela proteção das vidas inocentes em risco. É
disso que se trata”.
E anunciou que não haverá
resposta fora das regras da diplomacia:
“O embaixador de Israel em
Brasília e o governo Netanyahu foram informados de que o Brasil reagirá com diplomacia,
mas com toda a firmeza, a qualquer ataque que receber, agora e sempre”.
Desde segunda-feira (19/2), a diplomacia brasileira e a israelense vêm enfrentando uma crise devido à fala de Lula, que comparou a atuação do governo israelense na guerra contra o Hamas ao que Hitler fez com os judeus. Na própria segunda-feira, o ministro de Relações Exteriores de Israel, Israel Katz, chamou o embaixador brasileiro em Tel Aviv, Frederico Meyer, ao Museu do Holocausto.
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