Na sua coluna, Nill ressalta
que a operação que prenderia o padre, mais seu motorista e outro colaborador,
vazou. Na realidade, o zumzum vinha desde o começo da semana, inclusive com a
informação de onde partiria a ordem de prisão, a comarca de Buíque. O vazamento
deu tempo de orientar a fuga dos dois últimos.
“O padre, com ar de
vitimização, usando a idade, aos 67 anos, como álibi para sensibilizar parte da
opinião pública, apresentou-se voluntariamente na Delegacia de Arcoverde. Quis
criar embaraço para os investigadores. Mas à medida que as informações foram
sendo divulgadas, inclusive com a nota do MP, ficou a imagem do lobo na pele de
cordeiro”, relata o blogueiro
Segundo foi apurado, dos
cinco inquéritos envolvendo o padre Airton, quatro envolvem mulheres e um
deles, um homem e não apenas o caso da personal stylist Sílvia Tavares. Mas já
são cinco, relativamente recentes, com no máximo três anos de registro.
Segundo a reportagem, a
partir de Sílvia Tavares, outras pessoas começaram a relatar abusos. “Os
relatos são impactantes, segundo apurou-se. E outras mais deverão fazer o mesmo.
Uma certeza é de que havia aliciamento de mulheres e de homens, esses últimos
muitas vezes entre a infância e a adolescência, parte assistida pelos programas
da Fundação Terra. Se aproveitava da fragilidade social para crimes sexuais”. Apurou
ainda que “há possibilidade real de que alguns tenham sido extorquidos para
voto de silêncio. Vulneráveis socialmente, caso ameaçassem denunciar, eram
criminalizados. Há rumores de que em um dos casos, uma vítima pode ter sido
denunciada por furto, dentro dessa estratégia”, diz.
“Outro dado é o de que é
boato a informação de apreensão de aparelho celular do padre Airton, o que
revelaria outros crimes. Quem conhece o padre diz que ele tinha como estratégia
o hábito de mudar frequentemente de número de celular, chip, operadora. O
que socialmente era justificado como uma medida de segurança e por alta procura
de pessoas querendo uma ajuda, pode ser encarado como estratégia para driblar
investigações e não deixar vestígios. Um dos modus operandi do sacerdote era o
de pedir nudes, um fetiche sexual que chegou com as multiplataformas e redes”,
dia a reportagem em outro trecho.
A operação que prendeu o
padre foi batizada de Amnon, personagem nascido mil anos antes de Cristo,
príncipe de Israel, sendo filho de Davi, lembrado
pelo estupro de sua meia-irmã Tamar, que era uma
adolescente. Davi não reagiu em favor de Tamar, falhando como pai e como rei.
“A atitude de Davi é comparada aos que acobertaram ou apoiaram os episódios
envolvendo o padre Airton”.
Nill Junior encerra ressaltando que “outro fato é o de que, à medida que os crimes estão sendo relevados, apoiar o padre com manifestações ou declarações públicas ou representa ignorância, ou conluio. Isso não tem relação com a defesa jurídica do sacerdote, um direito pleno. Aliás, há de se aguardar se conseguirão um habeas corphus nos próximos dias. Pode se desenhar um embate com algumas reviravoltas até uma decisão definitiva”.
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