Esta é a 20ª edição do
Prêmio Sesc de Literatura, considerado um dos mais importantes prêmios para o
reconhecimento de escritores estreantes, que contabiliza desde sua criação, em
2003, mais de 20 mil obras inscritas e 35 novos autores revelados.
Em entrevista à Agência
Brasil, a diretora de Programas Sociais do Departamento Nacional do Sesc,
Janaína Cunha, destacou que esta é a terceira vez consecutiva que um autor
paraense é agraciado com o Prêmio Sesc. "A gente se alegra muito com isso
porque mostra que o prêmio tem abrangência nacional. São dois autores, um do
Pará e um de Pernambuco, que estão fora do circuito literário tradicional,
reconhecido nos grandes centros de produção literária, e são agraciados por sua
narrativa. Então, a gente fica feliz e positivamente surpreendido com esse
resultado".
O lançamento oficial dos
dois livros será feito em novembro deste ano, com publicação pela editora
Record, parceira do Sesc no projeto. A tiragem inicial será de, no mínimo, 2,5
mil exemplares. Em 2024, os autores farão a divulgação das obras em circulação
nacional, sendo recebidos em boa parte nos departamentos regionais do Sesc nos
estados para apresentação dos livros e falar sobre o projeto, em um contato
mais direto com o público, com quem terão a oportunidade de abordar sua
trajetória até sair vencedor da premiação. Os autores vencedores participarão
de eventos promovidos por parceiros do Sesc, incluindo feiras literárias.
"A gente fica muito
estimulado, porque é um processo contínuo e permanente de atenção à literatura
e à produção literária. Não se trata de uma atenção única de receber as
propostas, reunir uma comissão, categorizar, avaliar e chegar a um resultado
final", manifestou a diretora do Departamento Nacional do Sesc. Segundo
Janaína, há um processo contínuo de estímulo à produção e reconhecimento do
valor dessa produção, e de ressignificação do papel da literatura no cotidiano
das pessoas. "Isso é que a gente acha mais bacana. É esse ambiente que tem
uma permanência da ação, e não uma ação pontual com seus méritos
específicos".
A comissão final que
selecionou o romance de Airton Souza foi composta pelos escritores Joca Reiners
Terron e Suzana Vargas e, a que elegeu o conto de Bethânia Pires Amaro teve
participação dos também escritores Giovana Madalosso e Sérgio Rodrigues. A
origem do escritor não é identificada pela comissão avaliadora. As obras são
inéditas e revelam conteúdos mais robustos que exigem uma performance de
escritor, ainda que sejam livros inéditos, comentou Janaína.
Os contos de O
ninho tratam das relações familiares sob a ótica feminina e buscam
dessacralizar a casa como um lugar idílico e de segurança afetiva, como costuma
ser retratado nas postagens de famílias perfeitas das mídias sociais, explicou
Bethânia Pires Amaro, 34 anos. "Queria mostrar a quem lê, e que muitas
vezes vive distúrbios alimentares, abusos e racismo em solidão, atrás de quatro
paredes, que essa pessoa não está só", disse a autora. Bethânia viveu a
infância no interior da Bahia e na capital do estado, onde percorria sebos e
bibliotecas à procura de livros para ler. Há nove anos, ela se mudou para a
capital paulista, onde atua como advogada pública.
A edição 2023 do Prêmio Sesc de Literatura recebeu 1.495 inscrições, das quais 770 foram na categoria romance e 725 em conto. Janaína Cunha informou que a média, nos últimos anos, tem ficado em torno de 1.500 inscrições. Fonte: Agência Brasil
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