A despeito do desgaste para
os militares, com algumas acusações de leniência e da desconfiança do
presidente Lula (PT), militares de alta patente ouvidos pela coluna afirmam que
a avaliação feita na caserna é que não houve uma tentativa de golpe no dia 8.
Reconhecem que houve
"falhas de inteligência", mas dizem que os informes das forças de
segurança não traziam alertas de conflitos. Defendem ter se tratado de uma
"manifestação que saiu do controle", condenam a depredação do
patrimônio e repetem que houve erro de inteligência. Além disso, afirmam que
não houve adesão de nenhuma das três Forças para tentar embarcar num golpe de
estado.
Existente havia mais de dois
meses, o acampamento em frente ao quartel-general, segundo fontes do Exército,
vinha esvaziando desde a posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e
tinha diminuído substancialmente na sexta-feira, dia 6 de janeiro. A chegada de
ônibus com os manifestantes vândalos se deu em grande parte no sábado.
Apesar de a Abin (Agência de
Inteligência Brasileira) ter produzido relatórios na véspera dos atos do dia 8,
de acordo com um general da ativa, para o Exército não houve nenhuma
sinalização de distúrbio social.
As notícias de militares
participando das manifestações do dia 8 — que terminaram com atos de vandalismo
nos prédios dos Três Poderes — também foi uma preocupação para a cúpula do
Exército. Apesar disso, generais afirmam que o principal problema tem vindo de
militares da reserva, identificados com o bolsonarismo, muitos que serviram na
época da ditadura, e que nos últimos anos foram cativados pelo ex-presidente
Jair Bolsonaro. Até o momento, o Exército não identificou militares da ativa
nos atos de vandalismo, mas as apurações continuam. Segundo generais, porém, há
uma situação de "normalidade" dentro dos quartéis
Eles admitem, no entanto,
que há a possibilidade de que "em momentos de folga" ou "à
paisana" soldados ou militares de baixa patente possam ter participado em
algum momento do acampamento, com os familiares, por exemplo. E dizem que, se
ficar comprovado algum ato ilícito, haverá punição. O estatuto do Exército veda
a participação de militares da ativa em atos políticos.
O desempenho do atual
ministro da Defesa, José Múcio, tem sido elogiado por integrantes do Exército.
Desenvolto no universo militar, Múcio tem feito visitas frequentes ao QG, já
promoveu dois almoços para "alinhamento" com comandantes das Forças e
ministros do governo e prepara uma nova reunião entre os militares e o
presidente Lula para esta semana.
O ministro, que já sofreu críticas por outros pares no governo, é chamado pelos militares de "craque" e "construtor de pontes". Além de intensificar a aproximação com a cúpula das Forças, a ação de Múcio de buscar diálogo com ex-ministros da Defesa também tem sido elogiada e vista como uma estratégia inteligente de conhecer as reais demandas das Forças. Na caserna, a ordem é lembrar que os militares pertencem a uma instituição de Estado. Por isso, o foco é tentar descolar o Exército da imagem de Bolsonaro e buscar investimentos. Por Carla Araújo do UOL
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