Por volta das 9h, Torres
chegou ao quarto batalhão da Polícia Militar, que fica no Guará, a 15
quilômetros do centro de Brasília. O ex-secretário vai ficar preso no local de
forma provisória.
Poucas horas depois, o
ministro do Supremo Tribunal Federal, Alexandre de Moraes, autorizou a
realização da audiência de custódia. A audiência de custódia foi presidida pelo
desembargador Airton Vieira. Ele é o juiz instrutor do gabinete de Alexandre de
Moraes.
A audiência foi realizada
por videoconferência. É uma etapa protocolar, necessária para que o preso seja
apresentado ao juiz e para que a legalidade da prisão seja analisada. A
audiência não discute o mérito do processo, nem a acusação.
O advogado de Anderson
Torres, Rodrigo Roca, acompanhou a audiência. Ele foi embora em seguida, sem
falar com a imprensa.
Anderson Torres é policial
federal e foi ministro da Justiça no governo de Jair Bolsonaro, e sempre se
posicionou em sintonia com o ex-presidente. No dia 2 de janeiro, ele assumiu a
Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal.
Quando houve o ataque
terrorista aos prédios públicos em Brasília, no domingo (8), menos de uma
semana depois, Torres estava de férias, viajando para os Estados Unidos. Pouco
depois do início dos ataques foi exonerado do cargo.
Ainda no domingo, o
presidente Luiz Inácio Lula da Silva decretou intervenção na segurança pública
do DF. Com a medida, a área passou a ser controlada pelo governo federal. Já na
madrugada, o Supremo Tribunal Federal afastou o governador Ibaneis Rocha do
cargo - pelo prazo inicial de 90 dias.
A prisão preventiva de
Anderson Torres foi um pedido da Polícia Federal, decisão referendada pela
maioria do Supremo. Na determinação, Moraes afirmou que a conduta de Torres foi
conivente e omissa em relação aos atos golpistas. Agentes da PF executaram
mandado de busca apreensão na casa do ex-secretário.
Entre o material recolhido
pelos policiais, estava a chamada "minuta do golpe". O documento era
o rascunho de um decreto para instituir estado de Defesa no Tribunal
Superior Eleitoral pelo ex-presidente Jair Bolsonaro.
O texto previa a decretação
do estado de defesa, com vistas a restabelecer a ordem e a paz institucional, a
ser aplicado no âmbito do Tribunal Superior Eleitoral, para apuração de
suspeição, abuso de poder e medidas inconstitucionais e legais levadas a efeito
pela Presidência e membros do tribunal, verificados através de fatos ocorridos
antes, durante e após o processo eleitoral presidencial de 2022.
Juristas consideram o
documento inconstitucional porque transferia atribuições do poder Judiciário
para o poder Executivo.
Em uma rede social, Anderson
Torres afirmou que, como ministro da Justiça, recebeu propostas dos mais
diversos tipos. E que a minuta provavelmente estava numa pilha de documentos
que iriam ser triturados.
Os juristas afirmam que, a
ser verdade a explicação de Anderson Torres, ainda assim ele teria de explicar
de quem partiu a ideia do documento.
Nesta sexta (13), o ministro
Alexandre de Moraes determinou a abertura de novo inquérito para investigar
especificamente Anderson Torres e também o governador afastado do DF, Ibaneis
Rocha, que prestou depoimento à PF.
No depoimento, Ibaneis fez
uma acusação grave: a de que houve algum tipo de sabotagem das forças de
segurança nos atos terroristas de domingo (8).
Enquanto as investigações
avançam, surgem novas imagens do dia da depredação. O Jornal o Globo divulgou
gravações das câmeras internas do Senado Federal.
Seguranças estão no salão
por onde entram autoridades no Senado, quando invasores quebram a vidraça. Dá para
ver os estilhaços espalhados pelo chão. Os seguranças se afastam. Mais uma
vidraça é quebrada. Os extremistas jogam um pedestal usado para organizar as
filas na entrada do edifício.
Com um carrinho, quebram
mais um vidro e invadem o prédio. Um homem de mochila lança um rojão. Depois
que eles entram, policiais legislativos tentam impedir a invasão com spray de
pimenta, mas não conseguem e recuam.
Os golpistas conseguem
avançar até as proximidades do plenário, provocando mais destruição.
O Ministério Público organizou um mutirão para as mais de 400 audiências de custódia marcadas para este sábado (14), de presos nos atos terroristas.
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