"Meu
voto não apenas descreve cadeia sucessiva a compromisso da imparcialidade como
explicita surgimento e funcionamento do maior escândalo judicial da nossa história",
disse Gilmar.
Antes
de Gilmar, votaram pela legalidade de atuação de Moro os ministros Edson Fachin
e Cármen Lúcia. Após Gilmar, votam Kassio Nunes Marques e Ricardo Lewandowski.
"É
cabível este habeas corpus e acolho a tese trazida pelos impetrantes [advogados
de Lula]", anunciou o ministro ao iniciar a longa exposição sobre a
matéria. O magistrado fez inúmeras críticas à Lava Jato, que foram muito além
do caso específico do petista.
"Já
elogiei, sim", afirmou o ministro sobre o trabalho realizado pela
Lava-Jato. "O combate à corrupção é fundamental. Agora, uma coisa é uma
coisa, outra coisa é outra coisa. O combate à corrupção tem que ser feito
dentro dos moldes legais. Não se combate crime cometendo crime."
Ele
pontuou o voto com muitas frases de efeito: "Ninguém pode se achar o ó do
borogodó. Cada um vai ter seu tamanho no final da história. Um pouco mais de
modéstia. Calcem as sandálias da humildade".
Elogiou
a decisão de Lewandowski de autorizar à defesa de Lula acesso integral aos
diálogos vazados dos integrantes da força-tarefa da Lava-Jato em Curitiba.
O
ministro atacou as prisões preventivas alongadas e afirmou que Moro atuava como
integrante do Ministério Público, responsável por fazer as acusações. "Em
outras palavras, ele não se conteve em pular o balcão", disse.
Gilmar
defendeu a implementação do "juiz de garantias" para acabar com o
"ativismo" da Justiça Federal. "A salvação hoje da Justiça
Federal é o juiz de garantias", afirmou.
Criticou
a imprensa e afirmou que se estabeleceu um "conluio vergonhoso entre a
mídia e os procuradores e o juiz".
Gilmar
também disse que, diferentemente de Edson Fachin, Cármen Lúcia e Ricardo
Lewandowski, que também compõe a Segunda Turma, ele não chegou ao STF pelas
mãos do PT.
"Portanto,
eu sou insuspeito nessa matéria, agora também como ministro Kassio, que chegou
mais recentemente, de ter simpatia, envolvimento com o PT. Não obstante eu
sempre soube distinguir o que é ser adversário do que é ser inimigo".
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