
Em
meio a divergências entre senadores e deputados, o presidente do TSE (Tribunal
Superior Eleitoral), ministro Luís Roberto Barroso, propôs nesta segunda-feira
(22), em audiência no Senado, que a campanha para as eleições municipais deste
ano seja mais longa, com segundo turno realizado em dezembro.
Os
senadores devem votar nesta terça-feira (23) uma PEC (proposta de emenda à
Constituição) que trata do adiamento das eleições municipais por causa da
pandemia do novo coronavírus. Oficialmente, o calendário atual estabelece o
primeiro e o segundo turnos, respectivamente, nos dias 4 e 25 de outubro.
No
Senado, há um acordo avançado com o relator para o primeiro turno ocorrer no
dia 15 de novembro. A dúvida seria o segundo: em 29 de novembro ou 6 de
dezembro. O relatório final está sendo construído pelo senador Weverton Rocha
(PDT-MA) para ser entregue aos senadores na manhã desta terça. Caberá a Rocha
determinar, em seu relatório, as novas datas.
Apesar
de ganhar força no Senado, onde deve ser votada sem divergências nesta
terça-feira, a proposta de adiamento encontra resistências entre os deputados
federais. O impasse entre Senado e Câmara fez com que fosse abandonada uma das
iniciativas de conciliação sobre o tema, a constituição de uma comissão mista
de deputados e senadores para estudar o adiamento.
A
divergência na Câmara reflete uma pressão de prefeitos, em especial os que
buscam a reeleição. Uma PEC precisa ser aprovada nas duas Casas. Em seguida,
vai à promulgação. Segundo Barroso, a proposta do TSE de adiamento é com
"base estritamente na opinião médico-científica".
O
ministro pediu aos senadores que o relatório traga o que chamou de
"válvula de escape", em casos de municípios onde haja um aumento de
casos de contágio do coronavírus e necessitem protelar um pouco mais as
eleições. Seria uma possibilidade de estender, dentro de 2020, o prazo
eleitoral.
Segundo
o relator, esse tema estará contemplado no relatório. Com isso, em alguns
municípios, as eleições poderão ser realizadas até o dia 27 de dezembro. O
adiamento se baseia na avaliação de médicos e especialistas ouvidos pelos
congressistas e pelo TSE.
Barroso
defendeu ainda aos senadores que haja uma ampliação no tempo da campanha
eleitoral deste ano, o que, segundo o ministro, não deverá trazer
dificuldades.
Com
a manutenção da data para a realização das convenções partidárias -entre os
dias 20 de julho e 5 de agosto- e para o registro de candidaturas -entre 5 de
agosto e 15 de agosto-, a campanha seria estendida por quase dois meses, em
caráter excepcional.
A
medida facilitaria o julgamento dos registros de candidaturas pela Justiça
Eleitoral. "É que, se nós mantivermos as datas das convenções e dos
registros de candidatura, a Justiça Eleitoral consegue julgar a tempo todos ou
praticamente todos os casos de impugnação", disse o ministro.
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