
O
Governo do Tocantins decidiu fazer novas mudanças na estrutura da Polícia
Civil, que passa por intervenções desde o começo do ano. Entre as alterações,
está a transferência de todos os delegados que cuidavam de investigações sobre
casos de corrupção envolvendo autoridades do Executivo e do Legislativo. A
medida foi publicada na madrugada desta quinta-feira (7) no Diário Oficial do
Estado.
Estão
na lista nomes como o de Guilherme Rocha, responsável pela Operação
Catarse, sobre funcionários fantasmas do governo e Bruno Boaventura, que
comandava a regional de Araguaína durante a abertura da investigação sobre
o escândalo do lixo hospitalar e passou pela segunda transferência.
Rocha
irá para a 5ª Delegacia de Polícia em Taquaralto, no sul de Palmas e Boaventura
para a 28ª DP em Araguaína. As duas são unidades que prestam atendimento de
plantão e registram crimes comuns, sem especialização.
O
ex-diretor da Divisão de Repressão à Corrupção e ao Crime Organizado, Evaldo
Gomes, que já tinha sido exonerado no começo da semana, foi enviado para a
Diretoria de Polícia da Capital. Ele foi removido do cargo no mesmo dia em que
a Polícia Civil realizou a segunda fase da operação que investiga desvios
em obras de pavimentação do Governo Estadual.
O
Sindicato que representa os delegados repudiou a decisão e afirmou que se trata
de uma "forma de perseguir e frear aqueles que investigavam ou estavam
relacionados ao combate à corrupção envolvendo o Governo e parlamentares".
Disse ainda que vai tomar medidas para que a decisão seja revertida e que a
atitude prejudica investigações.
O
Governo do Tocantins disse que a redistribuição tem como parâmetro critérios
objetivos estabelecidos no seu Regimento Interno. Afirmou ainda que a indicação
de pessoas para ocupar cargos de confiança é uma prerrogativa da administração
pública e que a atual gestão está preocupada em fortalecer institucionalmente
os mecanismos de controle e de combate à corrupção.
O
episódio é o mais recente de uma série de polêmicas envolvendo a Secretaria de
Segurança Pública desde o início do ano. Os conflitos começaram com a
publicação de um manual que proibia delegados de fazer críticas ao governo
ou de divulgar nomes de suspeitos de crimes. Após isso, a delegacia
especializada no combate a corrupção foi extinta e substituída por uma
diretoria comandada por indicação direta do governador Mauro Carlesse (DEM).
As
mudanças levaram a comissão de Segurança Pública da Câmara dos Deputados
a convidar Carlesse e o secretário da pasta, Cristiano Sampaio, para dar
explicações, mas o governador não compareceu. Sampaio esteve no evento sozinho
e negou tentativas de intervenção em investigações.
A
série de conflitos fez com que a Promotoria de Justiça de Alvorada pedisse a
abertura de uma investigação contra o secretário-chefe da Casa Civil, Rolf
Costa Vidal, e o secretário da Segurança Pública, Cristiano Barbosa Sampaio,
por suspeita de terem embaraçado investigação criminal em andamento e atentado
contra a moralidade pública. O pedido ainda não foi analisado.
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