sexta-feira, 24 de março de 2017

A Coluna: O bem e o mal nas terceirizações


A Câmara dos Deputados aprovou ontem um projeto da terceirização, o Senado vai aprovar outro nos próximos dias e, afinal, o projeto prejudica os trabalhadores? Abre oportunidades de mais emprego? Desburocratiza as contratações? Corta os direitos dos trabalhadores? Há opiniões para todos os gostos. Para as centrais sindicais, a precarização do trabalhador. Para as empresas oportunidades de gerar mais empregos. Há décadas o País vive e convive com empresas terceirizadas, sejam em governos de qualquer partido, seja em empresas de pequeno, médio e grande porte; mas qual a lei que rege essas relações? Até hoje nenhuma. Na falta de normas, usa-se a súmula 331 do TST, que veda a contratação de terceirizados para atividades-fim. Por exemplo: uma empresa que produz móveis podia até então terceirizar a limpeza e o serviço de alimentação de seus funcionários, mas não o de montagem da mobília. Pelo projeto, essa montagem pode ser terceirizada desde que a empresa seja especializada. O projeto aprovado pelos deputados e o outro a ser aprovado pelos senadores, chega justamente para regularizar um mercado que tem mais de 13 milhões de trabalhadores que, hoje, vivem sem nenhuma garantia. Mais um detalhe da lei diz que familiares de empresas contratantes não poderão criar empresa para oferecer serviço terceirizado e as companhias contratantes deverão recolher tudo o que for devido pela empresa terceirizada contratada em impostos e contribuições, como PIS/Cofins, CSLL e FGTS. Ou seja, o trabalhador não perde seus direitos, pelo contrário, as empresas contratadas devem pagar 4% do valor do contrato para um seguro que irá abastecer um fundo para pagamento de indenizações trabalhistas, pois, quando a empresa terceirizada não tem como honrar com os direitos trabalhistas dos funcionários, eles podem ser cobrados a empresa contratante. Um bom exemplo, talvez conhecido por muitos, foi o da empresa Vanguarda, que atuava em órgãos públicos, demitiu milhares de funcionários que ainda hoje lutam por seus direitos trabalhistas. Com a nova lei, esgotados os recursos com a empresa terceirizada, o trabalhador pode cobrar da empresa contratante. A lei irá formalizar uma relação que sempre foi vista como "duvidosa” e causava insegurança jurídica para trabalhadores e para as empresas na hora de contratar. Precisa garantir mais segurança para o trabalhador? Precisa. Há falhas? Corrigi-se, mas toda lei pode e deve ser aprimorada, o que não se pode é manter uma situação que envolve mais de 13 milhões de trabalhadores com base apenas numa súmula do TST. Não se pode levar uma democracia no sim ou no não, a dicotomia entre o bem e o mal, nem tão pouco ficar preso a legislações de mais de 74 anos, o tempo mudou e corre rápido, na velocidade de um clik ou um post na internet.

TERCEIRIZADOS – Assim como empresas e prefeituras em todo o País, a prefeitura de Arcoverde não foge a regra da terceirização. Em 2014, o Tribunal de Contas do Estado identificou que o governo municipal promoveu, nada menos, do que 715 contratações temporárias, ou terceirizados na linguagem da moda. O número representava 60,13% em comparação ao contingente de admitidos para cargos efetivos (concursados). A diferença é que muitos deles saíram sem direitos a férias, FGTS ou PIS, 13º...

SEGURANÇA – Esse deverá ser um dos temas principais da visita do governador Paulo Câmara a Arcoverde, amanhã, dentro do programa Pernambuco em Ação. Calo do governo que vê a violência crescer a cada dia e enterrar o Pacto pela Vida criado por Eduardo Campos, a violência registrou um aumento no número de homicídios na cidade de 43% entre 2015 e 2016. Foram 23 assassinatos contra 33, respectivamente. Nas cidades que forma a região de Arcoverde o aumento foi maior e ultrapassa os 70%.

EMPREGOS – Aliado de última hora da candidatura da atual prefeita de Arcoverde, o deputado Eduíno Britto (PP) ainda não conseguiu emplacar no governo todo o seu grupo. As vagas estariam sendo controladas com rédeas curtas, o que vem gerando certas insatisfações no grupo laranja. De público ninguém fala, mas em off a chiadeira aumenta de volume a cada dia. Sem falar nos outros aliados, que sonham em emplacar pelo menos a namorada.

TERRENO – Na falta de algo mais pujante, o governador deve anunciar em Arcoverde a doação do terreno do IPA para a prefeitura doar a uma empresa que anuncia a construção de um shopping. O projeto foi relatado pelo deputado Júlio Cavalcanti (PTB), que já disse em rádio local que vai dar o parecer favorável torcendo para que, realmente, o local abrigue um empreendimento, mesmo sendo privado, para gerar empregos. Disse que vai acompanhar cada passo.

MISTURA – Confundindo pessoal com institucional, a página oficial da Prefeitura da Pedra no facebook traz uma postagem, com direito a foto, aonde o prefeito do município, Osório Filho (PSB), passeia a cavalo com o deputado estadual Waldemar Borges (PSB) pelos prados pedrenses. No texto criativo, diz que foi “um momento de muita descontração”, embora tenha tratado de assuntos de trabalho. Seria o novo modelo de gabinete itinerante?

LISTA – Enquanto governistas preparam tapetes verdes para o governador, setores da sociedade já prepara uma lista de pedidos e esclarecimentos sobre promessas feitas pelo governador há pouco mais de dois anos, quando era candidato. Um dos públicos mais ansiosos para ouvir as palavras com anuncio de data de cumprimento é o dos professores que em 2014 receberam a promessa de terem seus salários dobrados. Até hoje nem o piso nacional de 2017 o governo paga. Em Arcoverde também não.

PERGUNTA DO DIA: Quando a prefeita de Arcoverde vai entregar o fardamento completo dos alunos da rede municipal de ensino?