Após prender
o prefeito de Ribeirão, na Zona da Mata Sul de Pernambuco, e descobrir um
prejuízo aos cofres públicos do município de quase R$ 5 milhões, o
Ministério Público de Pernambuco (MPPE) vai ampliar as investigações. A
empresa, investigada por integrar um esquema de fraude em coleta de lixo na
cidade, pode ter se especializado em cometer o mesmo crime em outras
prefeituras. É o que acredita o procurador Ricardo Lapenda. Para ele, o valor
total dos desvios pode chegar a R$ 36 milhões.
“Acreditamos
que essa empresa vem se especializando em realizar esse esquema fraudulento de
desvio da verba pública com outras prefeituras. Vamos investigar. Percebemos
que ela tem contratos com vários municípios com um valor total de R$ 35.618
milhões”, destaca Lapenda.
Durante
as investigações, foi levantado que essa empresa não tinha a estrutura
necessária para realizar o serviço de coleta de lixo de Ribeirão. Com dez
veículos em sua frota, sendo oito para transporte escolar e dois para passeio,
ela não teria a menor condição de realizar a coleta. O empresário, inclusive,
trabalhava em um pequeno escritório que funcionava como sede da empresa.
“O empresário ficava com o dinheiro das
licitações superfaturadas e subcontratava caçambeiros num valor irrisório
através de um terceiro indivíduo”, detalhou. Além do prefeito, Romeu Jacobina
de Figueiredo (PR), e do empresário, foram presos a secretária de Gestão
Pública e o de Finanças do município. Dois servidores e uma pessoa, sem cargo
público, também foram detidos e encaminhados para o Depatri.
Na
ação, foram apreendidos documentos, seis armas de fogo e R$ 17 mil do
empresário. O armamento foi encontrado em um sítio e numa residência. Todos os
detidos continuam presos sob o mandado de prisão preventiva. A investigação
também atingiu um posto de combustíveis na cidade.
Segundo
Lapenda, a prefeitura já tinha um contrato com essa empresa, só que de
transporte escolar. “Tudo indica que o esquema deu muito certo e eles quiseram
ampliar. A empresa não tinha a menor condição de suportar esse serviço e, por
isso, terceirizaram o serviço pagando os caçambeiros. A sede, por exemplo, não
tem nem espaço para comportas os veículos”, completou.
O
MPPE pretende agora descobrir quantas prefeituras integram o mesmo esquema
desenvolvido em Ribeirão. A empresa aparece, também, no relatório da Operação
Turbulência. Ela teria recebido a quantia de R$ 300 mil de um das empresas
investigadas na ação.