quinta-feira, 1 de dezembro de 2016

MPF recorre ao STJ para reabrir ação penal da Operação Turbulência

          O ministério Público Federal (MPF) recorreu ao Superior Tribunal de Justiça (STJ) sobre a decisão da Segunda Turma do Tribunal Regional Federal da 5ª Região (TRF5) de arquivar o processo contra os investigados da Operação Turbulência, que investigava uma organização criminosa suspeita de lavagem de dinheiro que pode ter financiado a campanha presidencial do ex-governador Eduardo Campos, morto em 2014.

Na época, os magistrados do Tribunal apontaram que a acusação não teria sido clara, não indicando nem os beneficiários, nem os valores envolvidos – um segundo inquérito foi aberto para investigar apenas a questão da lavagem de dinheiro. O primeiro indiciou os suspeitos por organização criminosa.

Ademar Rigueira, advogado de Apolo Santana Vieira, um dos investigados pelo esquema, alegou que, desde o início, a denúncia foi oferecida somente para justificar a prisão dos investigados. Para ele, o Ministério Público Federal não poderia separar as acusações no processo, já que se trataria de uma organização criminosa voltada para a prática da lavagem de dinheiro. Os desembargadores aceitaram a argumentação e arquivaram o processo.

No recurso, o procurador regional da República Joaquim José de Barros Dias aponta ao STJ que a existência de um inquérito à parte para apurar lavagem de dinheiro não impede o andamento do processo, uma vez que organização criminosa é um crime independente. “Tratando-se de delito autônomo, a punição da organização independe da prática de qualquer crime pela associação”, apontou.

O MPF aponta ainda que o crime de organização criminosa se baseou também em “fortes indícios da prática de outros delitos pelo grupo, além do crime de lavagem de dinheiro. Entre eles, destacam-se crimes contra o sistema financeiro nacional, como agiotagem, desvios de recursos públicos federais e pagamentos de propina a políticos”.

O procurador ainda rebate o TRF e aponta que a denúncia é rica em detalhes e deixa evidente a existência de uma organização criminosa, descrevendo seu funcionamento e o papel que cada acusado exercia no grupo, além de ainda relatar "operações financeiras envolvendo os acusados com empresas de fachada, o que é suficiente para que a ação penal tenha prosseguimento".

Deflagrada pela Polícia Federal em 21 de junho deste ano, a Operação Turbulência investiga uma organização criminosa suspeita de lavagem de dinheiro, que pode ter financiado a campanha política do ex-governador Eduardo Campos, morto em 2014. Do G1.