O
ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse não temer ser investigado e até
preso em consequência da Operação Lava Jato ou da Zelotes, da Polícia
Federal. “Não temo ser preso porque eu duvido que alguém nesse país, do
pior inimigo meu ao melhor amigo, do empresário pequeno ao grande, que diga que
teve uma conversa comigo ilícita”, disse em entrevista ao jornalista
Kennedy Alencar, do SBT Brasil.
Lula
chamou as investigações de pessoas próximas a ele, como seu ex-chefe de
gabinete Gilberto Carvalho e seu filho, Luís Cláudio, de “coisas normais de um
país democrático” e que são possíveis graças à independência dada pelo seu
governo para instituições como Polícia Federal e Ministério Público Federal.
O
ex-presidente repetiu ainda o discurso de ser filho de mãe que morreu
analfabeta e que lhe deixou o patrimônio de poder andar de cabeça erguida.
“Combater a corrupção é obrigação, não é mérito”, afirmou ao lembrar que
desde o auge da crise do mensalão adotou o discurso de se investigar e punir
quem quer que seja.
Apesar
da fala favorável aos trabalhos de investigação, Lula argumentou que o país
vive na “República da suspeição”, em que pessoas são condenadas pela opinião
pública pelo simples levantamento de suspeitas.
“As
instituições, que são fortes e poderosas, têm que ter responsabilidade, cuidar
para não criar uma imagem negativa de uma pessoa sem ter prova”, afirmou.
“Nem tudo que o delator fala tem veracidade. É preciso que não se dê um
voto de confiança ao bandido e um voto de desconfiança ao
inocente”, completou.
O
ex-presidente reforçou que, ao longo de seu governo, desconhecia o esquema de
corrupção na Petrobras. “Não fui alertado pela gloriosa imprensa
brasileira, pela Polícia Federal, pelo Ministério Público, e olha que sou o
presidente que mais visitou a Petrobras. Nunca ninguém me disse que tinha
corrupto na Petrobras, essas coisas você só descobre quando a quadrilha cai”.
Lula
falou rapidamente de seu amigo pecuarista José Carlos Bumlai. “Se ele
teve situação indevida vai ficar provado ou não”, disse. Bumlai é
acusado pelo delator Fernando Baiano de receber propina para intermediar
negócios na área do petróleo e repassar valores a uma nora de Lula.
O
ex-presidente sustentou que Dilma Rousseff foi “vítima do sucesso de seu
primeiro mandato”. Na entrevista ao SBT Brasil, Lula disse que, no
primeiro governo, Dilma apostou em políticas de desoneração para assegurar o
emprego no país em um momento de crise na economia global, mas refutou que a
mudança na direção da política econômica tenha configurado um “estelionato
eleitoral”.
“De
repente, depois da campanha, percebeu-se que estava saindo mais dinheiro que
entrando”, disse para justificar a mudança na direção do governo de sua
sucessora.
Lula
minimizou os sinais que foram apresentados a Dilma desde 2013, de que sua
política econômica estava equivocada, e negou também que tenha pedido a ela,
nessa época, o afastamento de Guido Mantega do ministério da Fazenda. “Não
recomendei. Disse apenas que pessoas que estão há muito tempo no governo deviam
ter uma reflexão para sair e para deixar que haja renovação dentro do
governo”, disse Lula.
Como
em outras ocasiões, Lula admitiu que houve erros no governo, mas os
relativizou, dando a entender que foram mínimos. Um exemplo que ele citou foi o
represamento nos preços da gasolina que acabaram gerando uma inflação acumulada
quando os reajustes foram liberados.
O
ex-presidente disse considerar também que foi um erro exagerar na dose na
política de desoneração, mas salientou não ver propaganda nenhuma “na TV” sobre
a desoneração promovida por Dilma. Lula destacou que o problema agora é retomar
o crescimento econômico.
2018 :
Como adiantado por Kennedy Alencar no Twitter, Lula falou brevemente sobre seu
futuro político. O petista admitiu que voltar a ser candidato apenas para
evitar que a oposição ganhe é uma “bandeira pequena”, mas que se for para
defender o projeto de governo que “promoveu a inclusão de milhões de pobres
neste País”, ele está disposto a concorrer.
“Para
defender esse projeto, eu posso ser candidato outra vez. Não tenha dúvida que
estou disposto a ser candidato”.
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