A
pesquisa divulgada nesta sexta-feira (8/7) reportou que os dados referentes ao
mês de junho foram os mais altos da série história, com 1.120 km² de área
desmatada. É o quarto ano consecutivo com recordes de desmatamento no período,
com um aumento de 10,6% em comparação ao primeiro semestre de 2021, que era o
recorde anterior.
Entre
estados, o Amazonas liderou pela primeira vez com maior área desmatada no
semestre inicial do ano — 1.236 km², o que representa 39,9% do total. O segundo
é o Pará com 1.105 quilômetros quadrados, 27,7% do total, seguido pelo Mato
Grosso, com 845 quilômetros quadrados, 21,1% do total.
Mais
da metade da destruição na região amazônica ocorreu em terras públicas, 51,6%.
Em relação às categorias fundiárias, florestas públicas não destinadas tiveram
maior área em alerta de desmatamento (33,2%), 1.315 km². A segunda maior
incidência foi em propriedades rurais (28,3), 1.120 km².
Para
Rômulo Batista, porta-voz do Greenpeace Brasil, o cenário é “péssimo”, mas não
é surpreendente. No último semestre, quatro meses apresentaram recordes de
desmatamento, apesar de via de regra ocorrer menos desmatamento em relação aos
meses de agosto, setembro e outubro. Ele disse que o olhar deve ser dobrado,
pois é um ano importante para decidir o futuro da Amazônia.
“Temos
que promover a ciência, aumentar a demarcação de terras indígenas, o
financiamento à preservação e aos programas de biodiversidade. Mas, infelizmente,
o Brasil está cada vez mais na contramão, investindo na exportação de grãos.
Essa política de expansão da área de exploração é do século passado. Esse ano a
população tem que olhar para políticos que pensem na floresta em pé, seja no
Executivo, seja Legislativo.”
Ele
acrescentou que o maior empecilho à preservação das florestas é a falta de
políticas públicas que priorizem o meio ambiente, no entanto, é importante
considerar vários aspectos na discussão.
“O
principal fato é a falta de uma política do atual governo, além de sinalizações
muito ruins do Legislativo, como discussões para destruir matas ciliares,
projetos para abrir terras indígenas para atividades predatórias. Também tem as
empresas privadas que excedem os limites permitidos, pois falta fiscalização, o
que dá aos criminosos o sentimento de impunidade. Não há uma causa só, mas uma
soma de fatores gerados a partir de uma visão retrógrada de que é necessário
destruir a natureza para avançar.”
Após a divulgação dos estudos, instituições de defesa ao meio ambiente se manifestaram a respeito da situação no Brasil. Em nota, Mariana Napolitano, gerente de ciências do WWF-Brasil, disse que o desmatamento da Amazônia no primeiro semestre de 2022 foi alarmante e coloca o bioma cada vez mais perto do ponto a partir do qual a floresta não conseguirá mais se sustentar, nem prover os serviços ambientais dos quais nosso país depende.
"Perdemos
3.988 Km² na Amazônia Legal em apenas seis meses, confirmando a tendência de
intensificação do desmate dos últimos três anos. Quando perdemos floresta,
colocamos em risco nosso futuro. A Amazônia é chave para a regulação das chuvas
das quais dependem nossa agricultura, nosso abastecimento de água potável e a
disponibilidade de hidroeletricidade. O roubo de terras públicas e o garimpo
ilegal, que não geram riqueza ou qualidade de vida, está destruindo nosso
futuro”, afirmou Mariana.
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