As
Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) de Olinda e dos Torrões, o Hospital Barão
de Lucena, na Iputinga, a Unidade Hospitalar de Igarassu, o Instituto de Medicina
Integral Professor Fernando Figueira (Imip), nos Coelhos, e o Centro Médico de
Camaragibe foram alguns dos locais citados pela médica. “Estamos com uma
epidemia de quadro respiratório em crianças. E é uma epidemia já esperada. Todo
ano, no mês de abril, várias crianças começam a ficar cansadas, e já é esperada
essa piora clínica”, garantiu. A dificuldade, no entanto, segundo ela, é que o
serviço atual disponível não está dando conta da demanda, o que causa outros
problemas. “Esse quadro da epidemia está se estendendo. Estamos na metade de
maio, e os serviços não estão conseguindo atender as crianças. Plantões com
filas de espera de senhas de UTI, com cerca de 50 crianças na fila”, disse a
médica.
Um
dos pontos mais graves, para a médica que faz a denúncia, é a falta de leitos
pediátricos. Por isso, as crianças permanecem nas unidades e recebem
atendimentos improvisados de uma UTI, mas sem o rigor dos protocolos. "Os
plantões estão ficando fechados, porque a gente não consegue transportar essas
crianças para a UTI,. Elas ficam em um setor de menor complexidade. Não
conseguimos dar conta, não temos estrutura. Essas crianças ocupam todos os
leitos possíveis do serviço, e não saem de lá", afirmou.
Outra
consequência é que as crianças que chegam para atendimento de urgência, muitas
vezes retornam para casa sem ele. "A situação é caótica. Não existe
suporte, e elas estão morrendo. E outras estão sofrendo com esse dano, porque
não estão recebendo atendimento para quadros leves, porque ou a gente fecha o
plantão e atende crianças com quadros graves, ou abre o plantão e passa o dia
atendendo crianças que têm quadros mais leves", explicou.
Mortes
de crianças sem o amparo necessário também foram citadas pela profissional, que
destacou três recém-nascidos entre os óbitos. "Já é o terceiro plantão que
dou, e tem crianças que estão há quatro dias esperando vaga de UTI. Crianças de
dois, sete meses", lamentou. Um das mortes presenciadas pela média foi de
uma bebê de dois meses, que aguardava uma vaga de UTI há três dias.
A
médica também alega que há falta de materiais importantes, como, por exemplo
VNI (ventilação não invasiva), usado para reduzir as chances de a criança
necessitar de UTI. "Tem UPA que está com criança há mais de um dia sem
intubar”, comentou.
Resposta do governo
Após
receber a denúncia, a reportagem procurou o governo por meio da Secretaria
Estadual de Saúde (SES-PE), que se posicionou através de um comunicado oficial.
Nele,
salientou que a rede de saúde privada também está passando por um cenário semelhante
e que apesar da superlotação, as infecções por Covid-19 são baixas. E tentando
solucionar a questão, citou a previsão de que 50 novos leitos de UTI pediátrica
sejam inaugurados em breve na rede estadual.
Confira
abaixo, na íntegra, a nota:
"A
Secretaria Estadual de Saúde (SES-PE) ressalta que Pernambuco vive, neste
momento, seu período de sazonalidade das doenças respiratórias, quando,
historicamente, há uma maior ocorrência destas enfermidades. Vale frisar,
ainda, que o aumento no fluxo de atendimentos ocorre em toda a rede de saúde,
tanto a pública como a privada.
Além
disso, entre os pacientes internados nos leitos voltados para casos de Srag na
rede pública, menos de 2% apresenta infecção pela Covid-19, predominando,
portanto, casos provocados por outros agentes infecciosos, como Rinovírus,
Vírus Sincicial Respiratório, metapneumovírus, entre outros.
A
SES-PE vem trabalhando permanentemente para ampliar a rede de saúde destinada a
bebês e crianças com quadro de Síndrome Respiratória Aguda Grave (Srag). Desde
o ano passado, mais de 30 leitos de UTI para este público foram abertos em
Pernambuco e o número de vagas teve um aumento de quase 60%, passando de 57
para mais de uma centena atualmente.
Com isso, a rede de Saúde pública de Pernambuco conta, hoje, com 233 leitos para bebês e crianças com Srag, sendo 106 de UTI e 127 de enfermaria. A ocupação geral destes leitos está em 72%, sendo 63% nas vagas de enfermaria e 87% nas de Terapia Intensiva. Há, ainda, a previsão de abertura de mais de 50 novos leitos pediátricos de UTI nos próximos dias na rede estadual." Do Diario de PE
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