"Assumi
a defesa nesta semana e, no primeiro contato que tive com ele, Marcelo externou
a vontade de pedir socorro. Ele falou para mim ‘eu sou inocente’. Quando o
questionei ele disse que confessou na base da pressão. Falou que estava
desacompanhado do advogado e, se tinha algum advogado lá, ele não foi
informado’. Essa carta foi o primeiro contato que eu tive com ele.
Evidentemente eu ainda preciso conversar com ele por mais tempo para poder
entender o que de fato aconteceu. Eu ainda não tive acesso ao processo",
afirmou o advogado.
A
pressão, citada por Marcelo, não foi identificada pelo advogado, que presume
ter sido feita pelo delegado, policiais penais, entre outras pessoas que
estavam presentes no momento do depoimento.
"Curiosamente
esse depoimento está chegando apenas com uma parte, não está chegando de forma
completa. Eu não tive acesso ao depoimento, então eu não posso falar de trechos
selecionados. Não estou acusando ninguém, mas lógico que ninguém vai dar
pressão em frente às câmeras. Não informaram quem era o advogado e nem que ele
tinha direito de ficar calado, em um momento desses a gente confessa até o que
não fez", reforçou a defesa.
Ainda
segundo Rafael Nunes, a carta teria vindo à tona após Marcelo revelar que está
com medo de ser morto.
"Ele
externou a vontade de pedir socorro porque está aflito, perdido, com medo de
morrer. Marcelo está isolado no presídio de Igarassu. Ele não tem tendência
suicida, ele quer que seja mantida a vida dele" revelou Rafael.
Questionado
sobre onde estaria Marcelo na noite do crime, Rafael também comunicou que não
questionou o suspeito sobre o levantamento. "Hoje, se eu perguntasse a
qualquer um onde vocês estavam há seis anos, dificilmente vocês saberiam
responder sem que alguém mostrasse uma foto", defendeu o advogado.
Com
relação ao DNA de Marcelo da Silva ter sido identificado pela polícia na faca
usada no crime, Nunes questiona o momento em que o resultado foi divulgado pela
Secretaria de Defesa Social.
"O
exame de DNA é uma prova científica, não se discute isso. O que chama a minha
atenção é que por que só agora saiu esse confrontamento genético? Como se deu o
melhoramento? Existe perícia no processo que diz que a menina Beatriz foi morta
em outro lugar e conduzida através de um saco plástico, uma bacia, até a sala.
Essa perícia tem que ser analisada, reavaliada para ver a credibilidade desse
caso. Eu preciso saber como ele entrou e como ele saiu da escola. Ele trocou de
roupa no local? Tem muitos rumores, muitos segmentos".
Ainda
segundo Rafael Nunes, Marcelo não ficará sem defesa.
"Todo
mundo tem direito a uma defesa técnica. Se não sou eu, será outro. Ele
[Marccelo] será defendido com unhas e dentes. Os crimes que ele cometeu, que já
foi condenado, ele tem que pagar. Mas ele vai pagar pelo que ele cometeu,
porque é muito fácil colocar [a culpa] na conta de um andarilho com um
histórico terrível. A federalização do caso tem que acontecer. Não to
defendendo estuprador. Eu to defendendo a inocência dele neste inquérito
[beatriz]".
"Independente
da carta já existiam questionamentos. A carta é algo a mais, mas até a mãe da
menina tinha esse questionamento. Evidentemente teremos cenas dos próximos
capítulos. O que um advogado de defesa pode fazer, eu irei fazer. Marcelo da
Silva não matou Beatriz. Vocês vão se surpreender com esse caso", finalizou
o advogado.
Entraves
com antiga advogada de Marcelo
Rafael
Nunes se apresentou como a nova defesa de Marcelo da Silva no início da semana,
no lugar de Niedja Mônica da Silva. A defensora pública entrou com uma
representação na Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) afirmando que Nunes teria
'roubado' o seu cliente. Durante a coletiva, Rafael negou ter recebido qualquer
notificação da OAB.
"A advogada não se encontra mais no caso. Assumimos toda a defesa e, com relação à minha contratação, ela é estritamente sigilosa. Desconheço a representação e se [ela] entrou, não tem problema nenhum. Quando chegar algum tipo de notificação esclareço e seguirei com a minha defesa", afirmou. Do Diario de Pernambuco
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