Os
textos citam a postura do presidente Jair Bolsonaro no combate à pandemia e
preocupam-se com as proporções da crise política em um momento em que o Brasil
enfrenta um dos piores cenários em relação ao coronavírus em todo o mundo.
O
britânico The Guardian, por exemplo, diz que há um clima de tensão e nervosismo
no Brasil com a saída do ministro da Defesa. Segundo o jornal do Reino Unido, o
governo está em crise em meio a um “terremoto político” que “sacode o país”
enquanto “luta com um dos piores surtos de coronavírus do mundo”. O texto
destaca ainda que essa é uma "turbulência histórica".
Para
o espanhol El Pais, a mudança "marca divisão entre generais sobre
radicalismo de Bolsonaro". O diário apontou que há uma "leitura
clara" dos fatos: "Quando o ministro que dirige as Forças Armadas
pede para sair de um governo dominado por militares há uma discrepância maior
do que parecia sobre os rumos da instituição", colocou a reportagem.
No
mesmo sentido, o argentino Clarin escolheu o termo "expurgo militar"
para abordar a questão. Isso em uma reportagem cujo título questiona "o
que está acontecendo no Brasil?". O jornal portenho destaca que o
presidente tenta recuperar a liderança "a tapas" e que os chefes das
três forças seriam contrários à "negligência com a pandemia".
A
leitura do canadense The Globe and Mail foi semelhante. "As saídas
sublinham a escala das crises políticas e de saúde pública que afligem o
Brasil, que se tornou o epicentro global da pandemia do coronavírus. Eles
também revelam uma mudança radical nas relações entre Bolsonaro, um ex-capitão
do exército de extrema direita, e os oficiais de carreira", apontou o
periódico.
O
estadunidense The New York Times argumenta que o descontrole dos casos de
Covid-19 no Brasil é uma parte importante do quebra-cabeças político. O texto
destaca que a resposta do governo ao vírus foi "arrogante e caótica"
e cita um crescente desgaste entre o chefe do Executivo nacional e o
vice-presidente, Hamilton Mourão.
Para
o francês Libération, as mudanças — não só nas Forças Armandas e na Defesa,
como em outros cinco ministérios — fazem parte de uma "manobra que não
significa mudança de política" e que Bolsonaro promove trocas nas pastas,
mas sem "moderar" a postura.
O conterrâneo Le Monde acrescenta que o presidente "irritou altos oficiais do Exército" e promoveu uma "varredura inesperada". Mais cedo, o país havia sido tema de outra reportagem do jornal. "Não sei se São Paulo vai se recuperar: Covid-19 derruba capital econômica do Brasil", preocupa-se a reportagem.
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