A
nota também pede que todas as discussões a respeito da vacina sejam centradas
no Ministério da Saúde e afirma ser preocupante o fato de que diferentes
estados estejam seguindo seus próprios caminhos. Também se pede que as decisões
"não sejam pautadas por questões alheias aos interesses do país".
O
documento foi assinado pelos presidentes do Conass, Carlos Lula, e do Conasems,
Wilames Freire Bezerra. O texto afirma que todas as imunizações
reconhecidamente eficazes e seguras devem ser incorporadas ao programa de
imunizações, considerando o recrudescimento da pandemia do novo coronavírus e a
consequente redução das opções de vacinas.
Essa
não foi a primeira nota em defesa da incorporação das vacinas ao PNI. A
anterior havia sido em outubro, quando a vacina passou para o centro da
discussão política, principalmente entre o presidente Jair Bolsonaro (sem
partido) e o governador paulista, João Doria (PSDB).
O
Conass, em particular, divulgou texto no qual afirmou que o interesse público
das vacinas estava ligado à eficácia e segurança, e não à origem ou
nacionalidade. Bolsonaristas -e o próprio presidente- passaram na época a
atacar a vacina chinesa, a Coronavac.
O
texto afirmava que a disponibilidade da oferta de uma vacina deveria ser
orientada por premissas técnicas e que "nenhuma convicção pessoal pode
sobrepor-se à ciência".
A
manifestação mais recente dos dois conselhos de secretários de Saúde acontece
no momento em que alguns países, como o Reino Unido e a Rússia, iniciam seus
programas de vacinação contra a Covid-19.
Na
mesma semana, o governo brasileiro anunciou um programa de vacinação, com
começo previsto apenas para março. Inicialmente, cerca de 15 milhões de pessoas
devem receber uma imunização, restrita nesse primeiro momento a indígenas,
idosos com mais de 75 anos e profissionais da área de saúde.
Também
nesta semana, a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) divulgou que
vai começar a aceitar pedidos para autorizações de uso emergencial de vacinas
contra a Covid-19.
O
governo brasileiro vem afirmando que só vai adquirir novas vacinas contra a
Covid-19 após registro na Anvisa. O Ministério da Saúde mantém sua aposta no
imunizante desenvolvido pela empresa AstraZeneca, em parceria com a
Universidade de Oxford.
Recentemente,
no entanto, os estudos clínicos dessa vacina sofreram reveses, que podem
atrasar a obtenção do registro.
Na prática, o governo brasileiro apostou em poucas vacinas e o país pode estar
ficando para trás na corrida das vacinas contra a Covid-19, e a população corre
o risco de ficar sem os imunizantes por mais tempo ou ter acesso apenas àqueles
não tão bons.
A
Pfizer – cuja vacina, desenvolvida em parceria com a alemão BioNTech, será
usada na vacinação no Reino Unido, o primeiro país do ocidente a conceder
registro para uma imunização contra a Covid-19– já vendeu quase 60 milhões de
doses na América Latina. A empresa vem afirmando que o prazo do Brasil pode
estar se esgotando.
Em
comunicado, a empresa diz que o número de doses disponíveis para distribuição
vem diminuindo consideravelmente por conta do interesse global em relação à
vacina. A empresa afirma que a capacidade produtiva é de 50 milhões de doses
ainda em 2020 e 1,3 bilhão de unidades durante o ano de 2021.
Nenhum comentário:
Postar um comentário