quarta-feira, 25 de dezembro de 2019

MP-RJ mira funcionários fantasmas do gabinete de Flávio Bolsonaro


             O Ministério Público do Rio de Janeiro pretende encontrar em mensagens e registros telefônicos provas de que o senador Flávio Bolsonaro (sem partido-RJ) empregou funcionários fantasmas em seu antigo gabinete na Alerj (Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro).

A pedido dos promotores do Gaecc (Grupo de Atuação Especializada no Combate à Corrupção), o juiz Flávio Itabaiana, da 27ª Vara Criminal, autorizou a quebra de sigilo telefônico de 29 pessoas. Sobre a maior parte delas recai a suspeita de terem recebido sem trabalhar na Assembleia. Os telefones do filho mais velho do presidente Jair Bolsonaro não foram alvos da determinação judicial.

A medida faz parte da investigação que apura a prática da "rachadinha" no antigo gabinete de Flávio na Alerj entre 2007 e 2018, período em que Fabrício Queiroz esteve lotado como assessor parlamentar. Nesse tipo de esquema, os funcionários são coagidos a devolver parte do salário que recebem. O senador nega que empregasse funcionários fantasmas e classificou a quebra de sigilo telefônico como "inócua".

A Promotoria solicitou à Justiça a quebra dos registros dos telefonemas feitos pelos alvos nos últimos cinco anos. Também solicitou acesso aos metadados dos terminais usados. Isso inclui tanto a localização, por GPS, dos terminais usados pelas linhas telefônicas, como as antenas ERBs utilizadas pelo aparelho. O objetivo, segundo os investigadores, é comprovar que os investigados não compareciam ao trabalho na Alerj.

Foram alvo da quebra de sigilo telefônico Queiroz, os ex-assessores que fizeram depósitos a ele, parentes de Ana Cristina Valle (ex-mulher do presidente Jair Bolsonaro), e o ex-capitão Adriano da Nóbrega, foragido acusado de integrar uma milícia, casado com uma ex-assessora de Flávio.

Também foram alvos da quebra de sigilo telefônico o policial militar Diego Ambrósio, o sócio do senador numa loja de chocolates, Alexandre Santini, e o norte-americano Glenn Dillard, que vendeu dois imóveis para Flávio em Copacabana. Os três são suspeitos de auxiliar o filho do presidente na lavagem de dinheiro da suposta "rachadinha".

Itabaiana também autorizou, a pedido do MP-RJ, que os agentes extraíssem trocas de mensagem SMS, WhatsApp e outros aplicativos do tipo dos celulares apreendidos durante as buscas no dia da operação. A Promotoria não divulgou quantos aparelhos foram recolhidos.

A quebra de sigilo bancário de ex-assessores do senador permitiu à Promotoria identificar que Queiroz recebeu ao menos R$ 2 milhões de outros 13 assessores de Flávio entre 2007 e 2018. Metade veio de suas filhas e mulher, que também eram funcionárias na Assembleia do Rio.

Também depositaram R$ 203 mil na conta de Queiroz a mulher e a mãe do ex-capitão Adriano. Grande parte desse dinheiro passou por contas controladas pelo suposto miliciano.

O relatório da Promotoria também apontou que nove pessoas ligadas a Ana Cristina Valle sacaram R$ 4 milhões de suas contas bancárias entre 2007 e 2018, equivalente a 83% da remuneração que receberam da Alerj no período. A maior parte desse grupo morava em Resende (RJ) no período em que estiveram lotados no gabinete de Flávio.

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