sábado, 14 de dezembro de 2019

Ministro despeja TV Escola e encerra contrato com associação, após polêmica com Olavo


            O governo Jair Bolsonaro decidiu não renovar o contrato de gestão com a Associação Roquette Pinto, que gerencia a TV Escola. O ministro da Educação, Abraham Weintraub, determinou um despejo da TV Escola das dependências do MEC (Ministério da Educação).

Não há certeza sobre a continuidade do canal. Segundo a reportagem apurou, Weintraub e o ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, tentaram indicar pessoas para a associação e influenciar nos rumos na TV. A alta cúpula da Associação Roquette Pinto avalia que a atitude do governo é uma retaliação porque as indicações não foram acolhidas.

Nesta semana, a emissora passou a transmitir uma série sobre a história do Brasil com visão revisionista, ideológica de direita e conservadora, com entrevistas do escritor Olavo de Carvalho, guru do bolsonarismo.

Profissionais da TV Escola recolheram equipamentos desde a manhã da sexta-feira (13). Um ofício de outubro pedia a desocupação do espaço, uma sala no 9º andar do prédio do MEC. Naquele momento, o argumento era sobre a necessidade de uma reforma no espaço.
A associação tentou na Justiça, em 29 de novembro, um prazo maior para efetuar a mudança, mas a Justiça derrubou liminar nesta quinta-feira (12).

A TV Escola existe desde 1995 com conteúdo educacional voltado para professores e estudantes. A emissora é responsável, por exemplo, pela transmissão da Hora do Enem, com conteúdo de preparação para o exame.

Em julho, Onyx encaminhou a Weintraub a indicação de dois aliados para que fossem contratados, segundo cópias das indicações obtidas pela reportagem. São eles o ex-deputado Marcelo Jandre Delaroli (do PR-RJ, que esteve na Casa Civil) e Glenio Josino de Camargo, que assessora um deputado na Câmara.

Os dois deveriam ser, respectivamente, superintendente da TV Escola em Brasília e assessor dessa superintendência. Um deles chegou a exigir o valor do salário, segundo relatos ouvidos pela reportagem.

Weintraub é próximo de Onyx, de quem foi assessor na Casa Civil antes de assumir o MEC. Quando ainda estava na Casa Civil, Weintraub chegou a encaminhar à associação, segundo a Folha de S.Paulo apurou, uma relação de dez pessoas para serem absorvidos na TV Escola. O que não foi atendido.

No ano passado, a Roquette Pinto recebeu R$ 73 milhões do MEC por meio de um contrato de gestão. Além de gerenciar a TV Escola, a associação também é responsável TV Ines,  canal voltado a surdos, e pela Cinemateca.O MEC atrasou repasses neste ano para a associação, em torno de 40% dos R$ 70 milhões previstos, o que vinha dificultando as operações.

Apesar de ser uma associação independente, a direção e o quadro de funcionários são escolhidos com grande influência pelo MEC. O diretor-geral, Francisco Câmpera, foi indicado ainda na gestão do ex-ministro Ricardo Vélez.

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