terça-feira, 18 de junho de 2019

Senado derruba decreto de Bolsonaro sobre armas


             Por 47 votos a 28, o Senado aprovou um projeto de decreto legislativo nesta terça-feira (18/6) para derrubar o decreto assinado em maio pelo presidente Jair Bolsonaro (PSL) que flexibiliza o porte e a posse de armas. Agora, a matéria será levada à Câmara dos Deputados. Se a Casa também aprovar o documento, os efeitos do decreto presidencial serão anulados.

Os senadores votaram um texto de autoria de Randolfe Rodrigues (Rede-AP), que tramitava em conjunto com outros seis projetos de decreto legislativos que também pediam a sustação do documento assinado por Bolsonaro. Segundo o parlamentar "o decreto, ao flexibilizar as regras de porte e aquisição de armas e munições aos colecionadores, atiradores e caçadores, põe em risco a segurança de toda a sociedade e a vida das pessoas, sem amparo científico sobre a medida, indo de encontro à construção de uma sociedade solidária".

"O instrumento utilizado pelo Presidente da República é uma maneira rasteira de driblar o Estatuto do Desarmamento. O Congresso Nacional é o local adequado para se realizar qualquer alteração no que diz respeito ao porte e posse de armas de fogo, uma vez que está havendo criação de direitos. Tal medida burla claramente o princípio constitucional da reserva legal e da separação dos Poderes", acrescentou Rodrigues.

Os senadores que votaram para derrubar o decreto criticaram a postura de Bolsonaro que utilizou as redes sociais para pedir que a população pressionasse os parlamentares a se posicionar a favor do documento assinado por ele há pouco mais de um mês. "A pessoa que deveria ter a função de unir os brasileiros em torno de um projeto nacional que valorize o ser humano e o desenvolvimento de ideais de justiça na verdade usa a internet para tomar atitudes nada adequadas à figura do mandatário máximo do nosso país", ponderou Flávio Arns (Rede-PR). "Seria mais fácil discutir a regulamentação do Estatuto do Desarmamento e fazer as adequações necessárias com um projeto de lei, apresentado no Congresso e amplamente discutido com a sociedade, ao invés de priorizar posições pessoais", acrescentou.

Para Kátia Abreu (PDT-TO), o decreto da Presidência da República é um escárnio à população brasileira. "Estamos cansados de ver mortes em massa. O decreto não vai proteger nenhum de nós. Não podemos permitir que o Estado transfira para nós uma obrigação que é dele, de cuidar das vidas da população. Nós pagamos impostos para que o Estado prime pela nossa segurança", declarou.

Por sua vez, Jaques Wagner (PT-BA), lembrou que "a reposta para a violência não deveria ser mais violência". "Não é verdade que dar armas à população seja garantia de que ela vai se defender. Vende-se ilusão e incita-se o ódio. A bala só vai cair na mão de bandidos e milicianos, que matarão pobres e gente do bem", frisou.  

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