domingo, 20 de julho de 2025

Preta Gil morre aos 50 anos nos EUA após luta contra o câncer

              A música brasileira perdeu neste domingo (20) uma de suas vozes mais autênticas e combativas: Preta Gil, filha do cantor Gilberto Gil, faleceu aos 50 anos, vítima de complicações decorrentes de um câncer no intestino, contra o qual lutava desde janeiro de 2023.

A artista estava nos Estados Unidos, onde buscava alternativas em um tratamento experimental para conter a evolução da doença. Ela estava hospedada em Nova York e se deslocava regularmente até Washington, onde ficava o centro médico especializado que a acompanhava.

Preta Gil passou por quimioterapia, radioterapia e, em agosto de 2024, realizou uma cirurgia de grande porte para a remoção de tumores. Embora os primeiros resultados tenham sido positivos, o câncer voltou a se manifestar de forma agressiva em outras partes do corpo, o que exigiu novos protocolos de intervenção médica.

Determinada, ela seguiu com o tratamento fora do Brasil, em busca de esperança e avanço clínico — algo que sempre guiou sua postura diante da vida: a coragem de ir além, mesmo nas situações mais adversas.

Nascida em uma das famílias mais influentes da MPB — filha de Gilberto Gil, sobrinha de Caetano Veloso e afilhada de Gal Costa — Preta só decidiu se lançar oficialmente como cantora aos 29 anos, depois de uma sólida carreira como produtora e publicitária. Seu primeiro álbum, "Prêt-à-Porter", foi lançado em 2003 e logo causou polêmica ao estampar a cantora nua na capa, numa atitude que desafiava padrões estéticos e morais da época.

“Eu lembro que fui mostrar para o meu pai e ele falou: ‘Desnecessário, Preta’. Aquilo foi uma confusão na minha cabeça. Mas meu pai é um sábio. Ele sabia exatamente o que eu ia passar depois. Eu lancei o disco achando que estava abafando, mas veio uma enxurrada de muitas críticas na época. De muito conservadorismo”, revelou Preta, anos depois, em entrevista a Pedro Bial.

Do hit "Sinais de Fogo", composição de sua amiga Ana Carolina, até as batalhas públicas contra o preconceito, o racismo, a gordofobia e a homofobia, Preta Gil construiu uma trajetória que transcendeu os palcos. Tornou-se um símbolo de representatividade, empoderamento e liberdade feminina.

A morte de Preta Gil interrompe uma vida pública intensa e afetiva, mas deixa um legado duradouro. Sua arte, sua luta e seu amor incondicional pelas causas sociais fizeram dela muito mais do que uma cantora: fizeram dela um símbolo de resistência e amor em tempos de urgência.

O Brasil se despede de Preta Gil com tristeza, mas também com gratidão. Sua passagem pelo mundo não foi silenciosa — foi sonora, firme e profundamente humana.

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