Véspera de São João em Arcoverde tem show histórico de Zé Ramalho e Lirinha no Alto do Cruzeiro

                     Arcoverde viveu uma noite intensa na véspera de São João, encerrando a programação do dia já na madrugada, por volta das 01h45, com sentimentos divididos entre o encanto e a insatisfação por terminar tão cedo. A festa começou com o tradicional Samba de Coco Trupé de Arcoverde, que teve seu tempo de apresentação drasticamente reduzido a apenas 40 minutos — medida adotada, segundo a prefeitura, para atender exigências da produção do cantor Zé Ramalho.

A decisão provocou reações imediatas. A rádio Itapuama FM trouxe o tema à tona, e a repercussão levou a gestão municipal a emitir nota onde acaba se contradizendo ao tentar rebater a matéria e reconhece que houve prioridade para a grande atração da noite. A polêmica reforçou um debate antigo: a valorização dos artistas da terra frente aos nomes estaduais e nacionais.

Apesar disso, o show de Zé Ramalho marcou a memória do público. Com um espetáculo visual mais moderno e uma setlist repleta de clássicos como “Avôhai”, “Garoto de Aluguel”, “Chão de Giz”, “Entre a serpente e a estrela”, “Batendo na Porta do Céu”, “Sinônimos”, “Frevo Mulher”, o paraibano conquistou os forrozeiros até a última música. Na sequência, o pernambucano Maciel Melo manteve a qualidade da noite com sucessos como “Caboclo Sonhador” e “A Poeira e a Estrada”, “Dama de Ouro”, embora com público já reduzido.

Outro ponto alto aconteceu no Alto do Cruzeiro, reduto da cultura popular, que viu o retorno de Lirinha — do Cordel do Fogo Encantado — ao São João arcoverdense. Ao lado do Coco Raízes de Arcoverde, ele proporcionou um espetáculo envolvente de arte, poesia e ancestralidade, transformando o polo em um dos mais concorridos da noite. Uma atração que fez falta no palco Multicultural diante da grandeza e da força cultural de Lirinha. 

A despedida da véspera de São João também marca o adeus de muitos turistas, com a rede hoteleira registrando 100% de ocupação, segundo dados da Secretaria de Turismo do Estado. O saldo foi positivo: uma noite de emoção, reflexão e forte reafirmação da cultura nordestina, ficando a dever apenas a real valorização dos artistas da terra. Fotos: PC Cavalcanti divulgação

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